Não dá para calcular quando a corrupção começou no Brasil. Há quem suponha tenha sido com a carta de Pero Vaz de Caminha, que tentou descolar a nomeação do seu genro. Tanto faz, pois a verdade é que as vigarices começaram cedo. Houve, porém, um divisor de águas marcando a progressão. Foi a Nova República. Com a tragédia de Tancredo Neves, começaram a se desfazer a esperanças de ficarmos apenas naqueles percentuais tidos como naturais em quaisquer países ou regimes.
Melhor não fulanizar, mas ressalva-se a gestão de dois anos e meio em que Itamar Franco foi presidente, com sua intransigente luta contra os corruptos. Depois, e até agora, a roubalheira só fez aumentar. Espraiou-se por todas as atividades nacionais, atingiu setores públicos e privados, contaminou todas as instituições, tornou-se exemplo para as sucessivas gerações, que foram assumindo responsabilidades de comando. Com as exceções de sempre, é claro, mas atingindo o Congresso, o Executivo e o Judiciário, além do empresariado, quase sem faltar categorias, as direções sindicais, as organizações religiosas, os grupos filantrópicos e tudo o mais que se pensa.
NÃO ADIANTA – Bem que o poder público se esforça para investigar, julgar e punir quantos se dedicam a essa prática tão disseminada na sociedade quanto cômoda, mas pelo jeito não adianta.
Fica em aberto a conclusão: qual a saída para reduzir ao mínimo esse deletério comportamento que nivela a nação pelo que tem de pior? Polícia Federal, Ministério Público, Receita Federal? Quando não se contaminam, acabam sufocados pela avalancha de corruptos postados ao seu redor.
Até mesmo fica insuficiente recomendar cadeia para quantos aderem à corrupção. A maioria escapa e ainda se vangloria. Aumentar as penas para os forem bissextamente condenados? Um palito de fósforo diante da cratera de um vulcão. Dar de ombros e julgar a corrupção inerente à Humanidade equivaleria apenas a estimular bandidos e vigaristas. Quem quiser que opine, porque solução não há. Talvez apenas devolver a carta de Caminha aos portugueses…
08 de julho de 2016
Carlos Chagas
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