É distante e já esquecido o mais enojante caso de abuso de poder público da História do Brasil. Em 2006, para punir um pobre e honesto trabalhador que ousou ir à imprensa contar a verdade sobre políticos desqualificados, desonestos e desequilibrados, a estrutura estatal subordinada ao Ministério da Fazenda pôs-se a jogar na lama a reputação e vida de um simples caseiro. Pior ainda: Com a ajuda de simpatizantes que trabalhavam na imprensa.
Nesse país surreal mas ainda assim previsível, os destinos dos envolvidos foram: Palocci,sem dúvidas o mais desqualificado e baixo Ministro da Fazenda da História do país, voltou a ser Ministro no Governo Dilma mas em outra pasta (estaria lá até hoje não fossem as descobertas de outras “malfeitorias”); Jornalistas diretamente envolvidos nos ataques ao caseiro ganharam diretorias estatais e cargos no Governo Federal. Já o caseiro… Quem ligaria prum sujeito chamado Francenildo? Como disse o Lula à época, como dar importância a um “simples caseiro”.
É desta época o artigo de hoje da “ArcaReaça”, do blog já não mais atualizado chamado “Livre Pensamento“, de autoria de Luiz Simi (tem twitter, mas parece usá-lo pouco), que já teve outro post resgatado aqui no Arca Reaça. Leiam então:
Contar a verdade: Crime imperdoável na República petista
O caseiro, o poder e a covardia
O pecado mortal de todos os esquerdistas de 1933 em diante consiste em pretender ser antifacistas sem ser antitotalitários.” – George Orwell
Quem é Francenildo dos Santos Costa? Até alguns dias atrás, nunca tinha ouvido falar dele. Ele é mais um na multidão: migrante do Nordeste, com pouca educação formal e que trabalha duro para sobreviver. Não conheço Francenildo, mas conheço muitos como ele. Francenildo não é um, é legião. A legião de Francenildos espalhada pelos quatro cantos do país é uma das faces verdadeiras, sem retoques, do Brasil.
Mas se Francenildo é mais um entre milhões, porque todo mundo conhece Francenildo e não, por exemplo, seu Loredo, o afável zelador do prédio onde moro? A diferença é que Francenildo tinha como patrão o segundo homem mais poderoso da República, e decidiu revelar, em um ato de suprema coragem, o que seu empregador fazia e para que a mansão de que cuidava era usada. Francenildo, um brasileiro qualquer, revelou (mais) um porão sujo e obscuro do regime lulista. Fez o país saber que muitas são as formas com que esse governo compra consciências, votos, e apoios, não apenas moeda sonante; já nos ensinava Cícero, em seu brilhante diálogo Saber Envelhecer, que “a volúpia corrompe o julgamento, perturba a razão, turva os olhos do espírito”. Não é surpresa que ela seja usada, desde tempos imemoriais, por governantes corruptos e sequiosos de poder para enfraquecer inimigos e domesticar aliados. Não é surpresa que ela seja usada agora.
Também não é surpresa que a primeira reação do governo seja transformar a testemunha em réu. Ao arrepio não apenas da lei, mas do mais básico entendimento do papel do governo no Estado de Direito, os asseclas do lulismo violam ilegalmente o sigilo bancário do brasileiro Francenildo. Conspurcam sua honra e seu nome. Para os arautos de futuros sombrios disfarçados de utopias gloriosas, os direitos de Francenildo não valem nada perto da preservação do regime e sua missão redentora. Pouco importa para eles que um governo que viola os direitos de um cidadão em nome de interesses particulares trai a essência mesma do mandado que lhe foi dado pelo povo, que é defender as liberdades de cada um e de todos os Francenildos. Mostram, mais uma vez, que para eles os fins justificam os meios, e violar a Constituição e jogar o Estado de Direito na lama são meios perfeitamente aceitáveis.
Que fique clara pois a mensagem dos detentores do poder: se Francenildo é um entre milhões, e pode ser tratado dessa maneira, qualquer um pode ser tratado da mesma maneira. Os direitos individuais só valem enquanto não ameaçam os interesses do poder. Ninguém tem direitos além dos que o governo conceder. Pressionado, o governo Lula mostra que a truculência e o autoritarismo são parte da sua natureza. Está inaugurado o regime de exceção.
E diante disso a intelectualidade esquerdista, que se gaba de ter lutado em nome da democracia e contra a ditadura, fica calada. Parece que, para certa esquerda, a violação dos direitos individuais só é condenável quando feita por seus adversários. Pergunto-me se as Marilenas Chauís da vida estariam em silêncio se Francenildo fosse um militante do Partido dos Trabalhadores e o governo de plantão, de algum dos seus opositores.
Leiam mais sobre o que foi feito contra Francenildo nessa longa e excelente matéria de João Moreira Salles para a Revisat Piauí.
08 dejulho de 2016
in arca reaça
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