Nesta quinta-feira (7), a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Caça-Fantasmas, 32ª fase da Lava-Jato, com foco no FPB Bank, instituição financeira panamenha que atuava no Brasil ilegalmente – sem autorização do Banco Central.
De acordo com a Polícia Federal, as investigações apontaram que o FBP operava com abertura e movimentação de contas em território nacional e, assim, viabilizava o fluxo de valores de origem duvidosa para o exterior, à margem do sistema financeiro nacional, o que é considerado crime.
Ainda há provas de que o banco panamenho, ao funcionar como “private banking”, oferecia aos clientes a abertura empresas offshore, as quais eram registradas pelo escritório panamenho Mossack Fonseca, que foi alvo da 22ª fase da Operação Lava-Jato.
“Os serviços disponibilizados pela instituição financeira investigada e pelo escritório Mossack Fonseca foram utilizados, dentre diversos outros clientes do mercado financeiro de dinheiro ‘sujo’, por pessoas e empresas ligadas a investigados na Operação Lava Jato, sendo possível concluir que recursos retirados ilicitamente da Petrobras possam ter transitado pela instituição financeira investigada”, destaca a PF em nota.
Muito além daquilo que a Caça-Fantasmas apurou, os investigadores não demorarão muito para identificar transações financeiras que vão muito além da corrupção. Mesmo longe da ciência dos operadores do FPB no Brasil, a instituição teria sido utilizada por “laranjas” de traficantes, os quais usaram o serviço para, à sombra de uma triangulação financeira, fazer o pagamento dos fornecedores internacionais de drogas.
Ao longo das investigações da Operação Lava-Jato, as autoridades chegaram, em diversas vezes, muito perto da porção mais putrefata do esquema de corrupção que chacoalha o País, que é a operação financeira do tráfico de drogas. A única incursão da operação nessa seara se deu com a prisão da doleira gaucha Maria de Fátima Stocker, presa na Espanha e que agora encontra-se em presídio da Itália.
Presa pela Interpol, a pedido da Polícia Federal brasileira, Stocker era o braço financeiro da Ndranghetta, a máfia calabresa, na operação criminosa que remetia mensalmente à Itália duas toneladas de cocaína pura.
A doleira recebia da Ndranghetta e, em seguida, comunicava o doleiro Alberto Youssef que estava de posse do dinheiro e que o valor correspondente poderia ser repassado aos donos da droga. É nesse ponto que as instituições financeiras clandestinas que operam no Brasil entravam em cena.
O nome “Caça-Fantasmas” remete a um dos objetivos principais da investigação, que é apurar a atuação ilícita do FPB Bank no Brasil, assim como a vasta clientela que utiliza seus serviços e do escritório Mossack Fonseca para operações financeiras obscuras.
É importante lembrar que Alberto Youssef, principal delator da Lava-Jato, tinha um “guarda-chuva” de empresas de fachada – uma delas em Santos – para mascarar operações de câmbio. Não por acaso, Youssef, mesmo tendo repassado um cipoal de informações às autoridades, ainda não deixou a prisão, possivelmente porque teme pela sua segurança. E não é porque sente-se ameaçado por empreiteiros e corruptos envolvidos no Petrolão. Aliás, no nascedouro das investigações da Lava-Jato há um veio que passa pelo tráfico de drogas.
08 de julho de 2016
ucho.info
Nenhum comentário:
Postar um comentário