"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

PROFESSOR DEFENDE FIM DA CLT E DIZ QUE ESTABILIDADE DE SERVIDOR PÚBLICO ATRASA A NAÇÃO


“Na verdade o que acontece é que Lei Trabalhista no Brasil não funciona. Metade dos trabalhadores não têm carteira assinada. Metade dos trabalhadores está informal. A Lei Trabalhista hoje impede ou prejudica quem quer trabalhar”



O professor André Valle ministrou, em recente visita a Vitória da Conquista, palestra “com o tema “Gerenciamento de Projetos ao alcance de todos”, pelo Instituto Baiano de Educação e Negócios (IBEN), conveniado da Fundação Getúlio Vargas. Na oportunidade, ele conversou com exclusividade com a administradora, blogueira e apresentadora do programa Digestão, Eliane Assunção, e fez afirmações capazes de estremecer o senso-comum e que contrariam as perspectivas especialmente dos defensores intransigemntes das leis trabalhistas. Para ele, a Consolidação das Leis do Trabalhao, a famosa CLT, deve ser extinta o quanto antes. E vai além: diz que a estabilidade do servidor público é um atraso para a nação brasileira.

Solícito e bem humorado, ele se autoproclama “um torcedor do Fluminense muito feliz”. Afora a condição de tricolor apaixonado, Valle é dono de invejável currículo, o que o torna uma das referências em sua área no Brasil e no exterior, onde tem vasta experiência empresarial e de consultoria. Coordenador de professor da Fundação Getúlio Vargas há 18 anos, coordenador do Curso de Projetos, que existe desde 2000 “e que nos tem dado muitas alegrias e formando uma nova geração de gerentes de projetos no Brasil e são estas pessoas que vão mudar a face do Brasil, criando projetos com sucesso, dentro do prazo, dentro do custo”, adiantou André Valle.

Como fazemos habitualmente, vamos ao currículo nada modesto do nosso entrevistado, que não se reflete na forma simples e elegante do dono do perfil.

André Valle é Doutor em Engenharia pela UFF, Mestre em Engenharia pela PUC/RJ e Engenheiro pela UFRJ. Trabalhou na ISO como Secretário Técnico do Comitê sobre Office Equipment (ISO/IEC JTC1 SC28) entre 1997 e 2003, na ABNT, como Secretário Técnico do Comitê Brasileiro de Informática entre 1994 e 2003 e na Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), como gerente do projeto de implantação da Escola Superior de Redes. Atualmente participa da ABNT/CEE 93 (Gestão de Projetos) e é delegado brasileiro junto ao comitê ISO TC 236 (Project Management). Recebeu em 2011, 2010, 2009, 2008 e 2007 o Prêmio de Professor Destaque do FGV Management (passando a integrar o Quadro de Honra), em 2008 o Prêmio de Professor mais representativo do IDE-SP, em 2001 o Prêmio Visa de Comércio Eletrônico e em 2000 o Prêmio iBest. É membro do Comitê Executivo de Comércio Eletrônico do Governo Federal. É co-autor dos livros como “Sistemas de Informação para Organizações de Saúde”, “Gestão de Projetos”, “E-commerce”, “Fundamentos de Gerenciamento de Projetos”, entre outros.

Abaixo, a íntegra da entrevista:

ELIANE ASSUNÇÃO (Programa DiGestão): O senhor falou da escassez de profissionais na área de Gestão de Projetos e de como o Brasil precisa, inclusive se remetendo à importância desse profissional, nas pequenas empresas. Qual o risco que uma empresa corre quando ela não contrata um gestor de projetos, quando ela não pensa nesta perspectiva?

ANDRÉ VALLE: Vai gastar mais, vai atrasar, vai ter trabalho, a qualidade não será a que o cliente esperava, vai ter problemas de recursos humanos por não estar olhando para os riscos do projeto. Por exemplo: o que é gerenciamento de riscos? É você identificar os riscos, qualificar, quantificar e ter planos de respostas aos riscos. Se você não faz isso, com o tempo, pode-se inviabilizar um projeto por exemplo.

ELIANE ASSUNÇÃO: (Programa DiGestão): Em suas fala você falou da importância da padronização dos processos como viabilidade para os projetos, geração de qualidade e redução dos erros. Isso nos leva para uma visão extremamente racionalista que é a de um engenheiro, como o senhor, que foi Taylor, que implementou isso na gestão das empresas que é a organização racional do trabalho. Quais são os gargalos que temos com relação a isso, porque hoje se discute muito em administração, por exemplo, de uma nova forma de gestão até por uma questão de customização, como o senhor deu o exemplo da janela. Então porque que as pessoas querem tanto customizar se a padronização é o que vai gerar sucesso nos projetos?

ANDRÉ VALLE: Até mesmo em termos de customização você pode estar olhando, por exemplo, impressora 3D, algumas que já são baratas e isso faz com que mesmo que você tenha peças padronizadas, você pode estar criando novas. A padronização não tira a criatividade, mas ela facilita a criatividade. Já se começam a fazer os primeiros estudos relacionados com impressoras 3D para casas, ou seja, coloco uma impressora 3D no terreno e ela imprime uma casa pra mim. Eu tô usando o quê? Tecnologia? Tô usando gerenciamento de projetos? Mas o projeto vai ser de acordo com a visão do arquiteto. Aquilo vai ser impresso e em 24 horas a casa tá pronta.

ELIANE ASSUNÇÃO (Programa DiGestão): Então uma coisa não inviabiliza a outra?

ANDRÉ VALLE: Não!

ELIANE ASSUNÇÃO: (Programa DiGestão): Uma coisa que me deixou intrigada, que nós falamos e o senhor salientou muito com relação ao nosso despreparo, de um país que tem um histórico de educação precária, um dos grande gargalos da nossa sociedade. O senhor defende a flexibilização da CLT?

ANDRÉ VALLE: Na verdade eu defendo a extinção da CLT. Eu sou um pouco mais radical em relação a isso.

ELIANE ASSUNÇÃO: (Programa DiGestão): E num país como o nosso onde há este gargalo de todos estes problemas sociais e educacionais de formação, o senhor não acha que seria muito perigoso, não a flexibilização, mas a extinção. Não causaria outros problemas sociais?

ANDRÉ VALLE: Eu acho que não. Porque, veja bem: em países nos quais você tem uma maior liberalidade em relação à leis trabalhistas, são os que tem a menor taxa de desemprego. Historicamente a gente percebe isso. Por exemplo, a taxa de desemprego nos Estados Unidos é menor. Na verdade o que acontece é que Lei Trabalhista no Brasil não funciona. Metade dos trabalhadores não têm carteira assinada. Metade dos trabalhadores está informal. A Lei Trabalhista hoje impede ou prejudica quem quer trabalhar.

ELIANE ASSUNÇÃO: (Programa DiGestão): Ao invés de viabilizar, de garantir direitos, na sua visão, a CLT cria mais gargalos?

ANDRÉ VALLE: Ela cria. É ruim pra todo mundo. Nos Estados Unidos, em outros países como a Inglaterra também, as pessoas trabalham, mas elas batalham para trabalhar mais. Como elas recebem por hora e a partir de um determinado nível ela ganha hora extra, a briga entre os trabalhadores não é para trabalhar menos, é pra trabalhar mais. Na minha visão o mercado se auto regula.

ELIANE ASSUNÇÃO: (Programa DiGestão): E as questões de estabilidade para o profissional como balizador da sua vida social?

ANDRÉ VALLE: Isto é ruim pra todo mundo, a pessoa se acomoda.

ELIANE ASSUNÇÃO: (Programa DiGestão): O senhor atribui a isto, por exemplo, o grande fracasso das instituições públicas brasileiras. Eu digo fracasso por todo o contexto que foi discutido em sua palestra. É a estabilidade do funcionário público que nos torna atrasados nas questões de gerenciamento de projetos públicos?

ANDRÉ VALLE: Algumas carreiras, que eu chamo carreiras de estado, defendo que devem ser estáveis mesmo. Juiz, promotor, delegado, você tem que ter estabilidade porque são carreiras de Estado. Agora, outras, estabilidade não faz o mínimo sentido. Estabilidade gera inefeciência. O que aconteceu com o cara da Infraero que colocou split no galeão inteiro? nada! Em qualquer país sério do mundo, ele seria demitido por incompetência, exonerado. Não é possível isso. Da mesma forma a pessoa que botou granito no chão de Cofins, também sairia, porque ele não está resolvendo um problema que é a super lotação das salas, os pátios não têm fila e o cara tá botando granito. Onde já se viu? Não dá pra gente aturar este tipo de coisa, porque é o nosso dinheiro que está ali.

ELIANE ASSUNÇÃO: (Programa DiGestão): Nós, apesar de estarmos atuando enquanto país em várias frentes, em vários ramos de negócios, com muita perspectiva, ainda não conseguimos fazer parte da lista das 100 maiores marcas de empresas do mundo. É por conta do mau gerenciamento de projetos?

ANDRÉ VALLE: Certamente. Têm outros fatores. Aqui não existe uma cultura empreendedora. Ser empreendedor no Brasil é muito difícil. O Brasil normalmente tem uma mentalidade contra empresas e enquanto existir este tipo de mentalidade, a pessoa que faz sucesso, que cria um negócio e passa a ganhar um milhão, esta pessoa será olhada de forma estranha aqui no Brasil. Em qualquer país desenvolvido pessoas que dão certo são veneradas, são admiradas. P

oxa, eu queria ser igual ao Steve Jobs, que criou o Apple; queria ser um Bill Gates, que criou a Microsoft, mas, aqui no Brasil, se o cara faz um treco desse, tá roubando, vira alvo. Enquanto a gente tiver este tipo de mentalidade vai ser muito complicado que a gente tenha uma empresa que seja relevante em seu setor.

ELIANE ASSUNÇÃO: (Programa DiGestão): Qual o diferencial de fazer uma MBA em Gerenciamento de Projetos para um profissional na área indicada e o perfil?

ANDRÉ VALLE: 80% dos nossos alunos acabam vindo das áreas de engenharia e Sistemas da Tecnologia da Informação e isso acontece porque nessas áreas o nível de maturidade em gerenciamento de projetos é de médio a alto, só que o nosso curso não é voltado para estas áreas, é voltado para qualquer área. Então nós temos alunos que são médicos, advogados, administradores e tem excelente desempenho, por quê: em terra de cego, quem tem um olho é rei e estas pessoas,pelo nível de maturidade , elas arrebentam a boca do balão, porque elas conseguem trazer a excelência em áreas que não tem nada, então se tornam expoentes em seus setores.



23 de junho de 2016

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