A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) cumpriu a promessa e voltou ao Senado, depois da prisão do seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, na última quinta-feira, na Operação Custo Brasil, um desdobramento da 18ª fase da Lava-Jato. Ao chegar, Gleisi ganhou um buquê de rosas de um grupo chamado de Rosas pela Democracia. “Não vamos abaixar a cabeça” — disse Gleisi, ao ser cercada pelo grupo.
Na tribuna do Senado, Gleisi criticou a ação em sua residência na última quinta-feira e defendeu o marido. Gleisi disse ter sido uma “operação-espetáculo”, com objetivo de “constranger”. Ela classificou o uso da força policial utilizada pela Polícia Federal de “surreal” e disse estar “serena e humilde, mas não humilhada”. A senadora disse, ainda, que Paulo Bernardo não cometeu nada irregular, não se beneficiou de qualquer esquema.
Ela repetiu o argumento de que a prisão foi para “humilhar” um ex-ministro dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e desgastar a si própria como defensora da presidente afastada Dilma Rousseff.
HELICÓPTEROS – “A operação montada foi surreal, até helicópteros foram usados. Para quê isso? Demonstração de força? Humilhação? Gasto do dinheiro público desnecessário, é isso. Foi uma clara tentativa de humilhar o ex-ministro dos governos Lula e Dilma. E é também uma tentativa de abalar emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de senadores e senadoras que discordam dos argumentos que vêm sendo usados para afastar a presidente legitimamente eleita” — disse Gleisi.
“O cerco por terra e ar e a ação judicial para entrar em nossa casa tiveram a clara intenção de constranger. Não só a mim, mas todos os moradores (senadores). (Foi) Um espetáculo midiático” — afirmou.
“SELETIVIDADE” – Gleisi disse que a ação prova a “seletividade” nos atos do Ministério Público e o “carnaval midiático” das operações. Como fez o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) na última sexta-feira, ela comentou que o juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, que expediu o mandado de prisão de Paulo Bernardo, é orientado, em doutorado, pela jurista Janaina Conceição Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment.
“Nem em pesadelos pensei que estaria aqui, na tribuna, para defender meu marido de uma prisão. Uma prisão injusta, ilegal, sem fatos, sem provas, sem processo. Aqui estou serena e humilde, mas não humilhada. A prisão do Paulo Bernado foi um despropósito, do início ao fim. Prisão preventiva? Prevenir o quê? Ele sempre esteve à disposição das autoridades, em endereço conhecido. Há mais de dois anos não ocupa nenhum cargo público, é aposentado do Banco do Brasil depois de 38 anos de contribuição. Conheço o Paulo há vários anos: sei das suas virtudes e dos seus defeitos. Sei especialmente o que não faria: e não usaria dinheiro alheio para benefício próprio, não admitiria desvio de recursos públicos para sua satisfação ou da família. Tenho certeza de que não participou e não se beneficiou de um esquema do qual o estão acusando. Ele sabe que eu não o perdoaria, que a sua mãe não o perdoaria — disse Gleisi.
28 de junho de 2016
Cristiane Jungblut e Eduardo Bresciani
O Globo
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