"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 28 de junho de 2016

AUMENTA NÚMERO DE CASOS DE XENOFOBIA E RACISMO NO REINO UNIDO APÓS VITÓRIA DO BREXIT



Autoridades britânicas registraram um aumento de mais de 50% nos casos de xenofobia e racismo depois do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia (UE), que resultou na opção pela saída do bloco econômico, com 51,9% dos votos.

Em Londres, um centro comunitário polonês foi pichado com a inscrição “fuck you – out” (fodam-se – fora). 
“A sensação é uma mistura de desgosto com medo. Estamos aqui, neste centro, desde 1962 e nunca vimos racismo”, comentou Joanna Ciechanowska, diretora de uma galeria do centro da capital inglesa, que fica no distrito de Hammersmith.

“É muito preocupante, eu ouvi de alguns amigos que estavam no trem e, de repente, uma pessoa ao lado disse para eles: ‘vão para casa e façam suas malas’”, acrescentou Ciechanowska, que culpou o referendo por acirrar os ânimos. “Se alguém tinha um pingo de atrocidade, agora ele aflorou”, disse.

Em alguns locais de Londres foram distribuídos panfletos com a inscrição “vermes poloneses”.


Comunidade portuguesa

A agência de notícias Lusa informou que também foram registrados ataques racistas a membros da comunidade portuguesa no Reino Unido. Os incidentes aconteceram em Londres, País de Gales e Norfolk.

Em Londres, a portuguesa Fátima Lourenço relatou que ficou abalada com o que lhe aconteceu na última sexta-feira (24), quando um grupo de jovens, com idades entre 18 e 20 anos, lhe cuspiu na cara e a agrediu na rua com uma bandeira inglesa.

“Houve pessoas que reagiram, que lhes chamaram nomes e vieram me pedir desculpas. Eu não estava à espera, senti-me humilhada e tive de chorar para desabafar”, contou a vítima de xenofobia à agência Lusa. Ela faz trabalhos domésticos e vive no Reino Unido há 13 anos.

Em Thetford, na região de Norfolk, na costa leste de Inglaterra, Joe Barreto, fundador da organização sem fins lucrativos Simple, relatou que também foi vítima de um episódio de xenofobia. “Um carro parou junto à minha família, cuspiu-nos e insultou-nos. Fiz queixa à polícia, mas muitos portugueses aqui não querem falar por medo de represálias”, afirmou.

Iolanda Banu Viegas, conselheira das comunidades portuguesas em Wrexham, no País de Gales, confirmou situações semelhantes, principalmente de comentários maldosos em locais de trabalho ou de xingamentos em estabelecimentos portugueses.

“Só num dia vi vários casos de pessoas a chegar perto e a gritar ‘vão-se embora’. São provocações”, lamentou a portuguesa, que também trabalha para uma agência galesa de combate à discriminação, com o objetivo de incentivar as pessoas a fazerem queixas formais.


Tolerância zero

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, pediu à polícia para que se mantenha em alerta para um possível aumento de crimes relacionados à incitação ao ódio. 
Ele disse que haverá tolerância zero com tentativas de dividir a comunidade londrina.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, condenou a série de ataques racistas desde o referendo, afirmando que “não vai tolerar a intolerância”. 
Ele elogiou a contribuição dos estrangeiros para o país.

A imigração, principalmente a de trabalhadores europeus, foi um dos principais temas da campanha pró-Brexit, com o argumento de que o Reino Unido poderá controlar melhor suas fronteiras se estiver fora da União Europeia. (Com agências internacionais)



28 de junho de 2016
ucho.info

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