No papel, os financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, são exemplares. As propostas passam por comitês, avaliações técnicas e tornam-se contratos com dezenas de cláusulas que detalham as condições dos empréstimos. Na prática, porém, o que muitos financiamentos do BNDES têm em comum é a combinação de juros camaradas para empreiteiras beneficiadas realizarem obras no exterior, em nações alinhadas com o PT. Conforme Época revelou em fevereiro, procuradores em Brasília já vêm apurando tráfico de influência internacional do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor de empreiteiras, especialmente a Odebrecht, com a participação do BNDES.
Agora, Época obteve relatórios da Polícia Federal que revelam como se dá a concessão desses financiamentos.
É a primeira vez que uma investigação reúne provas de como se dá a negociação, com informações privilegiadas de reuniões, encontros secretos e pagamentos de propina.
EXISTEM PROVAS
Os documentos, levantados na Operação Acrônimo, trazem evidências de propina em dois contratos do BNDES com a Odebrecht, para obras na Argentina e em Moçambique, ao custo de US$ 90 milhões, cerca de R$ 320 milhões.
A Odebrecht passa a ser o alvo central das duas maiores investigações em curso no país. Na Lava Jato, pelo cartel formado para conseguir obras na Petrobras. Agora, na Acrônimo, por suas relações com o BNDES.
A PF chega ao banco a partir de uma devassa nas contas e na vida de Benedito de Oliveira Neto, o Bené, o principal operador do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel – na ocasião ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e chefe do BNDES.
VANTAGENS INDEVIDAS
A PF é taxativa ao resumir o caso:“Pagamento de vantagens indevidas realizado pela empresa Odebrecht, por meio de intermediação de João Carlos e Bené, a Fernando Damata Pimentel, em contraprestação a benefícios recebidos junto ao BNDES para investimentos no exterior”.
João Carlos Mariz era o homem da Odebrecht responsável por conseguir financiamentos no BNDES. Vantagens indevidas é o termo técnico para propina. A partir de depoimentos de testemunhas e de planilhas recolhidas, a PF suspeita que o grupo de Fernando Pimentel levantou mais de R$ 6 milhões em propina da Odebrecht.
Bené foi preso em abril pela Polícia Federal, acusado de fraudar documentos de uma consultoria para a montadora Caoa. O lobby, naquele caso, era para viabilizar isenções fiscais no ministério, cujo titular era Pimentel.
AMIGOS DO PEITO
Bené e Pimentel são amigos. O empresário foi fornecedor durante a campanha de Pimentel ao governo do Estado, em 2014. Pagou viagens de férias de Pimentel e sua mulher, Carolina. Entre os bens de Bené que foram apreendidos na operação está um avião bimotor, frequentemente usado por Pimentel – inclusive durante a campanha eleitoral.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Além de Pimentel, também a mulher dele, Carolina Oliveira, está metida na corrupção. O governador de Minas logo será afastado do cargo, assim que se tornar réu no Superior Tribunal de Justiça, o que já está muito perto de acontecer. Quanto ao empresário Bené, que foi também um dos operadores do Caixa 2 da última campanha de Dilma, há notícias de que ele estaria tentando delação premiada. Se for aceita, vai ser mais um arraso.(C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Além de Pimentel, também a mulher dele, Carolina Oliveira, está metida na corrupção. O governador de Minas logo será afastado do cargo, assim que se tornar réu no Superior Tribunal de Justiça, o que já está muito perto de acontecer. Quanto ao empresário Bené, que foi também um dos operadores do Caixa 2 da última campanha de Dilma, há notícias de que ele estaria tentando delação premiada. Se for aceita, vai ser mais um arraso.(C.N.)
22 de maio de 2016
Filipe Coutinho
Época
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