O conservadorismo cafona de Temer não é tão diferente do conservadorismo cínico de Dilma. O novo governo tem homens investigados pela Lava Jato? O que caiu também tinha. O novo governo corteja o baixo clero parlamentar para obter apoio no processo legislativo? O governo anterior também fazia do toma lá dá cá, inclusive com a bancada evangélica, receita de sobrevivência. E as presenças de Meirelles, Jucá, Kassab, Geddel, Barbalho ou Picciani não representam novidade política do ponto de vista da estratégia petista de governança.
SEM NOVIDADES
A vida segue. A tocha olímpica percorre as cidades. Já teve a Virada Cultural. A PF mantém Lula na alça de mira. O STF suspende a lei que autoriza o consumo da “pílula do câncer”. Pragmático, o PT, além de anunciar que um dia fará a autocrítica dos seus pecados, nem se opõe a alianças eleitorais com o próprio PMDB que, convenhamos, selou a sua derrocada.
Se o novo governo tem naturais dificuldades para se legitimar, Temer tem enquadrado, sem traumas, ministros que falam demais. O grande desafio desta semana foi o de identificar o tamanho real do deficit deixado pela gestão irresponsável de Dilma.
Não é que a presença de mulheres seja garantia de lisura e eficiência (Maria das Graças Foster e Dilma Rousseff, por exemplo, mostram isso), mas Michel Temer se esqueceu de que é importante tê-las no primeiro escalão. As nomeações de Maria Sílvia Bastos Marques, a primeira a comandar o BNDES, e de Flávia Piovesan, para a Secretaria de Direitos Humanos, serviram para aplacar o descontentamento feminino.
De novidade – além da equipe econômica que, por enquanto, agrada o mercado e cria expectativas de recuperação –, o novo ministro da Justiça sinaliza um padrão de lei e ordem inspirado nos governos do PSDB em São Paulo que pode ter impacto nacional.
ALEGAÇÃO DE GOLPE
A narrativa do golpe, que confere um pouco de oxigênio a Dilma, ilhada no Palácio da Alvorada, parece se esvair pelos ralos, sobretudo diante da inevitável comparação com a crise institucional que abala a admirável democracia venezuelana. A insistência retórica de Dilma lembra, de certa maneira, o esforço de Eduardo Cunha em explicar que ser beneficiário de trust não se confunde com a titularidade de conta corrente no exterior.
O museu de cera de Foz de Iguaçu retirou a imagem de Dilma Rousseff da sala de exibições, antecipando o que acontecerá com o seu retrato oficial depois de condenação pelo Senado por crimes de responsabilidade. O motivo não seria de natureza política, afirmou o diretor do pequeno e provinciano museu, mas sim a necessidade de manutenção preventiva no boneco. Será?
(artigo enviado pelo comentarista Wilson Baptista Jr.)
(artigo enviado pelo comentarista Wilson Baptista Jr.)
22 de maio de 2016
Luís Francisco Carvalho Filho
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário