Com todo respeito ao comentarista Antonio Santos Aquino, que tanto tem defendido aqui naTribuna da Internet o verdadeiro trabalhismo de Alberto Pasqualini, Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola, é preciso dizer que na vida tudo precisa ter limites. O fato indiscutível é que a atuação do atual presidente do PDT, Carlos Lupi, está demonstrando ser altamente negativa. Antes, ainda havia dúvidas, mas agora se constata o tenebroso resultado da gestão de Lupi à frente do que ainda resta do lendário trabalhismo brasileiro, que é uma vertente do modelo do capitalismo social (ou socialismo democrático, tanto faz) hoje praticado nos mais avançados países do mundo – Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca.
Logo agora, quando o momento político se revela propício ao crescimento de um partido como o PDT, em função da progressiva derrocada do PT e das demais legendas de esquerda, parece que Lupi pretende destruir o partido, ao invés de fortalecê-lo.
Até admite-se que, antes da decisão da Câmara, Lupi tenha ficado fiel à aliança com o PT, apesar dos escândalos de corrupção e da comprovada incompetência administrativa de Dilma Rousseff, que estava levando o país à bancarrota. Mas depois do vendaval, quando Dilma e Lula já estão desmoralizados, por que o presidente do PDT insiste em querer mergulhar o trabalhismo na mesma fossa onde está sendo sepultada a Era do PT? Não dá para entender.
ARGUMENTOS PATÉTICOS
Antes da votação do impeachment na Câmara, os argumentos de Lupi para fechar questão a favor da presidente Dilma Rousseff foram frágeis e contraditórios. Um deles era de que Brizola, se fosse vivo, seria contra o impeachment. Mas por quê? Ora, segundo Lupi, Brizola afirmaria que impeachment é golpe, embora esteja previsto na Constituição brasileira e dos demais países presidencialistas. Como Brizola não pôde ser consultado a respeito, alguns parlamentares petistas acreditaram na ensandecida tese e citaram Brizola na hora de votar, vejam como essas coisas acontecem.
Outro argumento de Lupi era a necessidade de mostrar aos políticos em geral, e aos aliados do PDT em particular, que o partido é leal aos que o tratam bem, com a presidente afastada Dilma Rousseff.
Na reta de chegada da votação na Câmara, Lupi se desesperou e propôs o seguinte absurdo: o PDT votaria em peso contra o impeachment, mas sairia do governo no dia seguinte, fosse qual fosse o resultado da votação na Câmara. Mas sairia por quê e para quê? Ora, para o PDT provar que não depende de cargos, não se apega a eles. E também porque o PDT já tem candidato a presidente da República em 2018, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, e não se aliará ao PT (a não ser que o PT apoie Ciro, claro…).
ABRINDO PROCESSOS…
Apesar de o partido ter fechado questão contra o impeachment, só 12 dos 19 deputados do PDT votaram com o governo, e Pompeu de Mattos (RS) se absteve, o que significou 13 votos favoráveis a Dilma.
Um dia após a Câmara aprovar o impeachment, a Executiva Nacional do PDT, instigada por Lupi, autorizou a abertura de processo de expulsão dos seis deputados do partido que votaram a favor do impeachment – Flávia Morais (GO), Giovani Cherini (RS), Hissa Abrahão (AM), Mário Heringer (MG), Sérgio Vidigal (ES) e Subtenente Gonzaga (MG).
Há duas semanas, o PDT anunciou que também expulsará os senadores que votarem a favor do impeachment: Acir Gurgacz (RO) e Lasier Martins (RS). O único a votar contra foi Telmário Mota (RR).
DEBANDADA
No início de 2016, o PDT tinha seis senadores titulares. Além dos três que ainda estão na legenda, eram filiados ao partido Cristovam Buarque (DF), Antonio Reguffe (DF) e Zezé Perrella (MG). Em fevereiro, Buarque e Reguffe anunciaram a saída. O primeiro filiou-se ao PPS, enquanto o segundo continua sem sigla. Em abril, Perrella deixou o PDT e foi para o PTB.
“Aqui no Senado, discute-se o mérito do imepachment. E quando falamos do mérito, isso depende do julgamento de cada um”, disse Telmário Mota (RR), em entrevista ao site do UOL. “Perder um senador já faz toda a diferença. Imagina perder mais dois. Ou perder cinco, no total desde o começo do ano”, acrescentou o senador, defendendo que o PDT não expulse os congressistas pró-impeachment.
CRISE FOI AUMENTANDO
A matéria do UOL assinala que o senador gaúcho Lasier, o mais crítico em relação ao apoio do partido ao governo, vê com pessimismo o futuro da legenda: “O PDT tem três pessoas de muita força: Carlos Lupi, Miguelina Vecchio e Manoel Dias. Sem voto, eles praticamente dominam o Conselho de Ética e a Executiva”, disse o senador. Lupi é o presidente; Miguelina, a segunda vice-presidente; e Manoel Dias foi ministro do Trabalho e agora é secretário-geral.
Em 2015, a bancada do Senado repetidas vezes tentou convencer Lupi a sair do governo. Mas ele se recusava, dizendo que Dilma ia se “reequilibrar”. E a crise do PDT piorou em outubro de 2015, quando Pedro Taques, governador do Mato Grosso, durante um jantar com Reguffe e Lasier, anunciou que iria sair do partido.
EXTERMINADOR DO PDT
“Eu estou chamando o Lupi de exterminador do PDT”, disse Lasier ao UOL. “Se eu for me defender (o senador pode enviar a defesa por escrito), vou levar um maço de manifestações de prefeitos, Câmara de Vereadores e diretórios municipais ‘carrados’ de apoio à minha posição”.
Lasier acentuou que, caso seja expulso, um “terremoto político” pode acontecer no Rio Grande do Sul, porque tem o apoio de muitos prefeitos no Estado. Dos 497 municípios do Estado, 70 têm prefeituras pedetistas. Porto Alegre e Caxias do Sul, as duas maiores cidades gaúchas, são governadas pelo PDT.
“Se me expulsarem, vou ficar um tempo sem partido e pensar para onde vou. Não tenho preferência nenhuma e nem vou pensar por enquanto”, disse Lasier.
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PS – A decisão ocorrerá no próximo dia 30, em reunião da Comissão Executiva Nacional. Se o presidente Carlos Lupi ainda tiver um mínimo de juízo, desistirá da expulsão dos oito parlamentares. Caso contrário, o partido pode entrar em processo de extinção. De todo modo, o trabalhismo há de ressurgir em outra legenda. O importante são as ideias, não os homens. O trabalhismo não pode depender de falsos líderes. (C.N.)
PS – A decisão ocorrerá no próximo dia 30, em reunião da Comissão Executiva Nacional. Se o presidente Carlos Lupi ainda tiver um mínimo de juízo, desistirá da expulsão dos oito parlamentares. Caso contrário, o partido pode entrar em processo de extinção. De todo modo, o trabalhismo há de ressurgir em outra legenda. O importante são as ideias, não os homens. O trabalhismo não pode depender de falsos líderes. (C.N.)
22 de maio de 2016
Carlos Newton
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