"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

PADRE ANTONIO VIEIRA E A TEORIA ECONÔMICA DA FLEXIBILIDADE DO TEMPO


Em seu Sermão do Mandato de 1643 Padre Antônio Vieira desenvolve uma teoria do amor, em especial da cura do amor humano, fraco, passageiro e imperfeito quando contrastado ao amor divino:
“Os remédios, pois, do amor mais poderosos e eficazes que até agora tem descoberto a natureza, aprovado a experiência e receitado a arte, são estes quatro: o tempo, a ausência, a ingratidão, e, sobretudo, o melhorar de objeto.” 

Mas é quando fala do primeiro remédio do amor, o Tempo, que ele desenvolve a teoria da flexibilidade do tempo. O amor divino diminui o tempo, logo por simetria a ausência dele o alonga.
“Desde a hora da Ceia até a hora em que Cristo subiu ao céu, passaram-se pontualmente mil horas, sem faltar nem sobejar uma só. E todos estes dias que medidos pelas rodas do tempo, faziam cabalmente mil horas, contadas pelo relógio do amor, que Cristo tinha no peito, era uma só hora. Por isso se chama: Hora ejus: hora sua, porque para o mundo e para o tempo eram mil horas, e para Cristo e para o seu amor era uma. E se o amor de Cristo de mil horas fazia uma só hora, vede quão certo é o que eu dizia, que, em vez de o tempo diminuir o amor, o amor diminuiu o tempo.” 

Essa sofisticada teoria da sensação e maleabilidade do tempo só foi redescoberta e passou a ser estudada em economia recentemente. 
Os modelos de habit formation foram os pioneiros, eles embutem o tempo no estoque de consumo passado [e.g., Ryder and Heal (RES, 1973)]. Mais recentemente apareceram os modelos de antecipação do consumo futuro [e.g., Faria and McAdam (JMCB, 2013)] no qual as pessoas procuram prolongar uma experiência desejável para saboreá-la, ou acelerar uma experiência indesejável [e.g., Loewenstein et al.(2003)]. 

Ambos modelos produzem resultados significativos para explicar paradoxos e fenômenos econômicos importantes como o risco e os preços de ativos financeiros, pagamentos de hipoteca, problemas relativos a aposentadoria e redução da efetividade da política monetária.


07 de abril de 2016
in selva brasilis

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