"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 19 de abril de 2016

FOI DILMA QUEM TRAIU TEMER, NÃO O CONTRÁRIO, QUANDO O TIROU DA COORDENAÇÃO POLÍTICA

Foi uma das pisadas de Dilma em casca de banana; a mulher é viciada nisso


A ainda presidente Dilma Rousseff chama Michel Temer, vice-presidente, de traidor e conspirador. É mesmo? Então vamos iluminar um pouco esse debate à luz dos fatos, remetendo os queridos leitores para alguns textos já um tanto antigos deste blog. Ou por outra: advertência não faltou. Mas sabem como é… Dilma é muito sabida.

Já escrevi aqui algumas vezes que esta senhora é viciada em casca de banana. Ela não pode ver uma na outra calçada que logo atravessa a rua para pisar em cima e se estatelar no chão.

No dia 30 de janeiro de 2015, escrevi aqui um post em que tratava do esforço que Dilma fez para impedir que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fosse presidente da Câmara. A presidente patrocinou a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP). Era o jogo do perde-perde. Leiam este trecho do que escrevi então:
Qualquer pessoa razoável diria que ao mobilizar a máquina em favor de um candidato, Dilma entra num jogo de perde-perde. Ou, parafraseando Marina, “perde ganhando e perde perdendo”. Se Cunha for derrotado, sobra um caldo de ressentimento; se vence, terá sido contra a máquina oficial.”

Resultado da disputa? O candidato da presidente teve apenas 136 votos (uma a menos do que os apenas 137 que votaram contra o impeachment na Câmara); Júlio Delgado (PSB-MG), que teve o apoio do PSDB, ficou com 100; Chico Alecar (PSOL), 8. E Cunha liquidou a fatura com 267. Vale dizer: Dilma perdeu perdendo. Era um derrota desnecessária.

Mas ela não aprende nada. Em abril de 2015, sem saída, a presidente fez de Temer o coordenador político do governo, papel queele desempenhou com absoluta fidelidade. Em companhia de Eliseu Padilha — e enfrentando alas hostis do próprio PMDB, inclusive Renan Calheiros, que estava distante do governo à época —, Temer conseguiu aprovar as principais medidas do ajuste fiscal. Foi eficiente no seu trabalho.

Ocorre que o PT é cúpido. Não permite que algo vingue à sua sombra. Um coordenador político tem de, necessariamente, conversar com partidos, com lideranças, com parlamentares, com setores organizados da sociedade civil. Ou não coordena nada.

Dilma foi tomada pelo ciúme e pelo despeito. “Conselheiros” da qualidade de Aloizio Mercadante alertaram a presidente que Temer estaria fazendo um jogo em favor de si mesmo. Vamos ver: digamos que aquele papel pudesse credenciá-lo para 2018… E daí?

Se ele demonstrava eficiência na articulação política, tanto melhor para o mandato em curso. Quatro meses depois, em agosto do ano passado, ele já estava fora do cargo. E, bem, cumpre notar que foi traído e difamado.

Lá em janeiro de 2015, Dilma chamou Temer e avisou que não aceitaria Cunha como presidente da Câmara. O vice a fez saber que nada poderia ser feito porque a candidatura havia crescido demais e conquistados outros partidos da base. Ela deu a conversa por encerrada e reiterou um “Cunha não!”, como quem diz: “Vire-se!”. Como se coubesse ao vice fazer algo a respeito.

Essa é Dilma; é assim que negocia e que entende o jogo político.

É evidente que a petista cometeu crime de responsabilidade. A fundamentação jurídica é sólida. Mas não é menos evidente — até porque é assim na ordem legal — que se trata também de um processo político, daí serem os senadores os juízes, não o Supremo.

Dilma tem uma enorme capacidade de fazer inimigos e de influenciar pessoas…


19 de abril de 2016
Reinaldoi Azevedo

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