"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 19 de abril de 2016

DELATOR LIGA GABRIELLI AO PAGAMENTO DO EMPRÉSTIMO DE R$ 12 MILHÕES AO PT


O ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli  - Ulisses Dumas
Sérgio Gabrielli imita Lula e diz que não sabia de nada

















O ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa apontou o suposto envolvimento do ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli no direcionamento de um contrato de US$ 1,6 bilhão para a Schahin Engenharia como “compensação” pelo “empréstimo do PT” de R$ 12 milhões, tomado de forma irregular, em 2004, no banco do grupo empresarial, pelo pecuarista José Carlos Bumlai – amigo do ex-presidente Lula .
“O pedido para a E&P (Diretoria de Exploração e Produção) teria partido do presidente Sérgio Gabrielli e não teria sido atendido por Guilherme Estrela (então diretor da área)”, declarou Musa, em novo depoimento no dia 9 de dezembro, para a força-tarefa da Lava Jato.
Musa era um dos executivos envolvidos no contrato e diz saber que ele foi dirigido para o Grupo Schahin como compensação por um empréstimo retirado para pagar dívida de R$ 60 milhões do PT. Delator da Lava Jato, ele detalhou como o contrato foi aprovado internamente e a tentativa de fazê-lo em outra diretoria da Petrobras, antes de ser viabilizado a partir de 2006 na Diretoria Internacional, com envolvimento de dois ex-diretores da área: Nestor Cerveró e Jorge Zelada – ambos presos, em Curitiba.
NAVIO-SONDA
O contrato era para a operação do navio-sonda Vitória 10.000, que teve pagamento de propina confesso por pelo menos dois delatores, Musa e o lobista Fernando “Baiano” Soares. Segundo eles, Bumlai atuou diretamente, em nome do ex-presidente Lula, para dirigir esse contrato para a Schahin como forma de pagar os R$ 12 milhões emprestados ao PT em 2004 e nunca pago formalmente
O ex-gerente diz que soube por dois colegas executivos da Diretoria Internacional que o direcionamento do contrato foi tentado antes em outra área. “A mesma tentativa havia sido feita junto à Diretoria de Produção e Exploração do Diretor Guilherme Estrela.” Após a negativa de Estrela, Cerveró teria indicado que solucionaria o caso. “Nestor Cerveró teria dito para Gabrielli: ‘Deixa comigo que eu resolvo’, passando então a coordenar a operação.”
“Nestor Cerveró participou desde o início da operação para contratação prévia da Schahin tanto como operadora da Vitoria 10 000 quanto afretadora da mesma sonda, tento participado das reuniões prévias que definiram esse modelo de contratação da Schahin em compensação à solução do ‘empréstimo do PT’ junto ao Banco Schahin”, contou Musa.
CELERIDADE
Era dezembro de 2006 quando foi dado início “à operação para contratação dessa sonda pela área Internacional para a Schahin participar da operação da sonda, tendo Nestor encaminhado a Luis Carlos Moreira a referida carta para dar seguimento”, contou Musa. O ex-gerente diz que iniciou-se um processo de aprovação interno com “procedimento célere não comum”.
“Tal celeridade se deveu ao fato de que havia um ajuste prévio para essa contratação”, afirmou Musa, ouvido como delator no processo em que Bumlai, Cerveró e outros são acusados pelo empréstimo ilegal de R$ 12 milhões para o PT, pago com dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.
Em março de 2007, a Diretoria Executiva aprovou a proposta da Diretoria Internacional, informa Musa. Ele detalha que com a saída de Cerveró, em janeiro de 2008, assumiu Zelada. “Assumiu a diretoria mantendo a mesma velocidade do antecessor relativamente à contratação da Schahin para a Vitória 10.000, tanto que em 2 de abril de 2008, pouco tempo depois de assumir, já submeteu pedido à Diretoria Executiva.”
PROBLEMA INTERNO
Segundo o delator, é nessa fase que começam problemas de aprovação do contrato com a Diretoria Financeira. “Almir Barbassa pediu explicações adicionais sobre os estudos financeiros e direitos da Schahin.”
“A impressão do depoente é que Almir Barbassa não se conformava com o negócio com a Schahin, pois sentia que havia alguma coisa errada”, contou Musa. Ela relata as tentativas de aprovação frustradas na Diretoria Executiva.
Depois de alterações na proposta, feitas por orientação de Zelada, o pedido teria sido aprovado no final de 2008 e o contrato assinado em janeiro de 2009.
Cerveró confessou em sua delação premiada direcionamento no contrato. Ele será ouvido pelo juiz federal Sérgio Moro, na tarde desta segunda-feira, 18, como interrogado, na ação penal que apura o caso. Zelada, por meio de sua defesa, nega irregularidades no contrato. Os ex-diretores Guilherme Estrela e Almir Barbassa não foram localizados.
DEFESA DE GABRIELLI
O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, em outra ocasião, desqualificou as afirmações de delatores que o relacionaram com o negócio do navio-sonda Vitoria 10.000.
“Minha posição já foi expressa em depoimento ao Juiz Sergio Moro, em que afirmei que as contratações eram necessárias para o desenvolvimento dos programas exploratórios no Exterior e que as negociações demoraram longos meses porque precisavam estar de acordo com os procedimentos e parâmetros da Petrobras”, afirmou Gabrielli, na ocasião. “Repudio qualquer favorecimento à Schahin em contrato com a Petrobras. Se alguém se aproveitou para se apropriar indevidamente de recursos que pague, frente à Polícia e à Justiça.”

19 de abril de 2016
Ricardo Brandt, Julia Affonso, Fausto Macedo E Mateus Coutinho
Estadão

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