"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 19 de abril de 2016

A PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DE DESAGRADO

Não há enigma a decifrar. A presidente Dilma acaba de ser fulminada pela Câmara dos Deputados e breve estará no cadafalso do Senado. Perde a presidência da República por sua própria vontade, melhor dizendo, por sua postura. Nem seu criador conseguiu tolerar tanta empáfia e presunção. Apesar de se encontrarem de quando em quando, faz muito que o Lula desistiu de aconselhar a sucessora. Ela que buscasse seus caminhos, em especial quando insistiu em disputar o segundo mandato, numa fixação inexplicável.

O país seria outro, no caso do retorno do ex-presidente em outubro de 2014. Não que seus vícios tivessem desaparecido, mas seriam pelo menos diluídos diante da óbvia liderança por ele exercida.

O resultado da lambança ainda inconclusa a partir da votação de domingo, na Câmara, conduz à suposição de que nem o Lula dispõe de condições para recuperar o PT, depois que os companheiros tiverem escoado pelo ralo do Senado. Vão recomeçar.

A pergunta que se faz é sobre os rumos do governo Michel Temer, caso o Supremo Tribunal Federal não decida deixar as instituições em frangalhos ao considerar nula a decisão de 367 deputados. Possível a hipótese é, mesmo contrária à natureza das coisas.

O ainda vice-presidente precisará compor um governo capaz de juntar os cacos deixados pelo governo Dilma, do desemprego em massa aos juros estratosféricos, da alta do custo de vida à estagnação econômica, da falência dos serviços públicos à prevalência da corrupção e ao endividamento interno e externo.

Assim como Dilma, Michel nunca foi testado como administrador, jamais dirigiu uma carrocinha de cachorro quente. O sonho da composição de um “ministério de notáveis” virou fumaça pela visão da maioria dos deputados, dois dias atrás, ávidos de ocupar os espaços negados pela ainda presidente.

Não haverá interregno para o novo governo. Esta semana mesmo começam a ser escolhidos como ministros os líderes parlamentares que mais lutaram para derrubar Madame.

Em suma, os personagens são os mesmos, apenas uma carta está fora do baralho. A sombra da desagregação permanece enquanto a população espera para ver como Michel preencherá o vazio cultivado por Dilma. Especula-se a respeito de quando acontecerá a primeira manifestação popular de desagrado diante do novo governo.



19 de abril de 2016
Carlos Chagas

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