Houve comemoração ontem à noite no Planalto/Alvorada, no PT e no Instituto Lula. Festejou-se o que se pensou ser uma vitória, mas agora de manhã, mesmo na ressaca, é preciso racionalizar o que aconteceu.
O Supremo Tribunal Federal, presidido por Ricardo Lewandowski, confirmou que continua disposto a servir ao governo, desde que não dê muito na vista, algo que possa ser considerado politicamente correto, e por aí vamos.
Mas tudo tem limites e o governo acabou perdendo a questão principal das ações e mandatos apresentados, porque o Supremo não teve coragem de anular a aprovação do pedido de impeachment aprovado pelo deputado Eduardo Cunha, na condição de presidente da Câmara.
Ou seja, o pedido de impeachment continua de pé, alicerçado pelo parecer favorável da Assessoria Jurídica da Câmara.
O que realmente houve de positivo para o Planalto/PT/Instituto Lula foi a anulação da votação secreta para eleger a Comissão do Impeachment.
Agora, os líderes terão de aprovar nova lista, para submetê-la à Mesa da Câmara, com vistas a uma decisão simbólica, pois não haverá candidatura avulsa e a eleição será de chapa única.
O AMESTRADO PICCIANI
Nesta mesma quinta-feira, o Planalto conseguiu outra vitória, ao reconduzir o amestrado Leonardo Picciani para a liderança do PT, para indicar os oito deputados que integrarão a comissão, mas Cunha já promete que na terça-feira Picciani será derrubado por um novo líder, a briga é boa.
Enquanto esta disputa interna prossegue, cabe a pergunta: o que decidirá a tão cobiçada Comissão? Simplesmente vai dizer que apoia ou não o parecer do relator, que pode ser contra ou a favor de Dilma, dependendo dos velhos trinta dinheiros que notabilizaram Iscariotes.
Acontece que o impeachment de Dilma Rousseff na verdade será decidido pelo plenário da Câmara, em voto aberto, depois de amplamente conhecida e analisada a acusação desferida pela Assessoria Jurídica da Mesa.
VOTO ABERTO
Como aconteceu com Collor, no plenário a votação será aberta, com cada deputado proferindo seu voto ao vivo e a cores.
Dilma precisa de um placar estelionatário que atinja 171 votos favoráveis. Na última eleição, teve 199 votos, mas foi no sistema secreto. Com voto aberto, esses escassos 18 votos que lhe sobraram podem se esfumaçar diante das implacáveis telas da TV.
Com as ações e recursos, o Planalto conseguiu atrasar a votação, quando deveria tentar acelerá-la. O tempo conspira contra Dilma e o Congresso vai entrar em recesso, para complicar ainda mais a situação.
Enquanto isso, a economia do país vai se derretendo e o povo pobre volta a sofrer cada vez mais. A solução desta gravíssima crise fica para quando Deus quiser, como é praxe na política brasileira.
18 de dezembro de 2015
Carlos Newton
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