Imagine-se uma peça teatral na qual os atores entram em cena sem a menor ideia do texto.
Tudo então pode acontecer.
É possível que se presenciem cenas caóticas, espocando de acordo com o interesse dos diversos integrantes do elenco que buscam protagonismos vantajosos ou nacos maiores da bilheteria.
Assim, surgirão diálogos sem sentido, monólogos autistas, discussões acaloradas, xingamentos que deixariam qualquer frequentador de sarjeta ruborizado e até agressões físicas.
A plateia, também sem entender o roteiro, desempregada, perplexa e dividida, a maioria a exigir a destituição da diretora (?) do espetáculo e a minoria a bradar pela sua permanência, por fanatismo ou por conta da manutenção de favorecimentos distribuídos, contempla o desenrolar melancólico que se desdobra e se torna cada vez mais enfurecida pois pagou um alto preço, inflacionado, para assistir a um trabalho minimamente coerente dos atores que, aliás, foram por ela escolhidos.
Diante disso , ameaça vandalizar o teatro mas vai sendo controlada e enganada demagogicamente pela direção, não se sabe até quando, com mentiras e ilusões demagógicas.
Alguém pode imaginar qual poderá ser o desfecho de tal pandemônio? Impossível.
A sugestão de insólito teatral, digna de Eugène Ionesco, pode ser metaforicamente adaptada à atual situação do Brasil, com a classe política análoga ao elenco e o povo à plateia.
Poucos saberão como será o ato final no cenário real.
18 de dezembro de 2015
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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