A Polícia Federal deflagrou operação nesta quinta-feira (17) para investigar fraudes na gestão de recursos do Postalis, o fundo de pensão dos Correios, que podem chegar a R$ 180 milhões. O esquema ocorreu de 2006 a 2011 e “lesou todos os contribuintes do fundo”, segundo o delegado Milton Fornazari Junior, chefe da Delegacia de Repressão a Ilícitos Financeiros da PF em São Paulo.
O principal investigado do esquema é Fabrizio Dulcetti Neves, um dos donos de dois fundos que continham mais de R$ 370 milhões em aplicações do Postalis – cerca de 5% dos ativos do fundo de pensão.
Investigadores da operação confirmaram à Folha que Neves é suspeito de fazer aplicações fraudulentas no exterior com recursos do Postalis.
PELA INTERPOL
Um mandado de prisão foi emitido contra ele, que está foragido. A PF levantou informações de que Neves estava morando nos Estados Unidos, mas tirou recentemente um passaporte italiano e se mudou para a Europa. Por ter o paradeiro desconhecido, o investigado foi incluído na lista de procurados pela Interpol.
As polícias americana e italiana, além da Interpol, trabalham em cooperação com a PF para prendê-lo.
Segundo os investigadores, a fraude consistia na compra de títulos do mercado de capitais por uma corretora americana. Depois, ela os revendia por um valor maior para empresas sediadas em paraísos fiscais. Posteriormente, os títulos eram adquiridos pelos fundos do Postalis com um aumento de 60% no valor real dos títulos.
“Existiram operações que, no mercado de capitais, em dois dias, tiveram valorização de 60%”, afirma Alexandre Manoel Gonçalves, delegado que coordenou a operação. “Foi uma manobra para valorizar artificialmente um recurso num curto período de tempo”, emendou.
INVESTIGADOS
Segundo a PF, mais da metade dos R$ 180 milhões que teriam sido desviados foi apropriada pelos investigados, que incluem pessoas que decidiam onde seria aplicado os recursos e também por ex-dirigentes do Postalis.
Os dois fundos que tinham o dinheiro eram geridos pela Atlântica Administradora, que tinha como responsáveis Neves, André Barbieri e Cristiano Giorgi Muller. As residências deles em São Paulo foram alvo de busca e apreensão.
Também estão os investigados Alexej Predtechensky, ex-presidente do Postalis, e o ex-diretor financeiro do fundo Adilson Florêncio da Costa.
Na operação, foram bloqueados imóveis dos investigados, visando futuro ressarcimento dos prejuízos causados aos fundos.
Os sete mandados de busca e apreensão emitidos – no Distrito Federal, em São Paulo, em Belém (PA) e em João Pessoa (PB) – visam localizar novas provas e identificar o destino dos recursos desviados. Os investigados poderão responder por crimes de gestão fraudulenta de instituição financeira, apropriação de recursos de fundos e lavagem de dinheiro, com penas que variam de 2 a 12 anos de prisão.
A operação chama-se Positus 1. Positus é o nome dado aos postos de correio situados ao longo dos caminhos para dar descanso a mensageiros.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Com a segurança da impunidade, Fabrizio Dulcetti Neves continua se exibindo na rede social Linkedin, apregoando ser CEO de sua consultoria financeira em Nova York e também ser especialista em Yoga, vejam como se trata de um pilantra versátil, que chegou ao Postalis durante a gestão dos dirigentes petistas. (C.N.)
18 de dezembro de 2015
Deu na Folha
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