Mais do que outros fatores, a crise econômica teve o condão de isolar politicamente o PT. É nessa lógica que está sendo construída a alternativa do impeachment. É nessa lógica que a presidente Dilma Rousseff amarga a solidão à beira do abismo, à espera do golpe fatal que vai destrona-la. Vive a solidão dos que precisam ser expulsos do poder. A carta divulgada pelo vice-presidente da República, Michel Temer, apenas confirma seu isolamento político.
A arrogância com que Dilma Rousseff se diplomou para o segundo mandato contrasta com o que aconteceu a partir da posse. A nova legislatura ficou ainda mais hostil do que aquela que a acompanhou no governo anterior. Seu partido, o PT, ficou francamente minoritários e, por isso, teve que arquivar sua preciosa agenda legislativa no rumo da revolução cultural. Foi o primeiro sinal de fraqueza. Antes, duelou com o PMDB e perdeu, tendo que engolir como presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha. Passou a conviver com o inimigo declarado.
A evolução dos acontecimentos mostrou que o isolamento ficou crescente, com Eduardo Cunha impondo uma agenda legislativa contrária aos interesses da presidente da República. A carta do Michel Temer confirmou que o PMDB é agora oposição e quer encabeçar o processo de impeachment. Como partido com maior número de deputados e senadores, o PMDB pode liderar o desfecho fatal e o fará.
Em paralelo, vimos que a crise econômica se instalou com toda a contundência, em profundidade antes insuspeitável. Ela, sozinha, é capaz de colocar a opinião pública a favor do impeachment. Os índices anêmicos de popularidade da presidente são o sintoma claro do agravamento das condições econômicas. Inflação e desemprego caminham de mãos dadas para flagelar a clientela preferencial do PT, a população mais pobre. Os mais ricos, por outro lado, há muito deixaram o PT órfão. A crise moral com o petrolão atingiu em cheio sua representatividade no chamado PIB.
As eleições municipais do ano que vem já têm seu resultado desenhado e será uma acachapante derrota do partido governante. Não creio que o processo de impeachment espere fechar as urnas, todavia. O desfecho inexorável acontecerá bem antes.
Dilma Rousseff está sentada à beira do abismo, seduzida pela profundidade e o anseio de jogar-se no vazio. Como diria Nietzsche, mesmo o menor dos abismos precisa ser transposto e esse é gigantesco. Não tem mais volta: será apeada do poder.
Quem viver verá.
10 de dezembro de 2015
Nivaldo Cordeiro
A arrogância com que Dilma Rousseff se diplomou para o segundo mandato contrasta com o que aconteceu a partir da posse. A nova legislatura ficou ainda mais hostil do que aquela que a acompanhou no governo anterior. Seu partido, o PT, ficou francamente minoritários e, por isso, teve que arquivar sua preciosa agenda legislativa no rumo da revolução cultural. Foi o primeiro sinal de fraqueza. Antes, duelou com o PMDB e perdeu, tendo que engolir como presidente da Câmara de Deputados Eduardo Cunha. Passou a conviver com o inimigo declarado.
A evolução dos acontecimentos mostrou que o isolamento ficou crescente, com Eduardo Cunha impondo uma agenda legislativa contrária aos interesses da presidente da República. A carta do Michel Temer confirmou que o PMDB é agora oposição e quer encabeçar o processo de impeachment. Como partido com maior número de deputados e senadores, o PMDB pode liderar o desfecho fatal e o fará.
Em paralelo, vimos que a crise econômica se instalou com toda a contundência, em profundidade antes insuspeitável. Ela, sozinha, é capaz de colocar a opinião pública a favor do impeachment. Os índices anêmicos de popularidade da presidente são o sintoma claro do agravamento das condições econômicas. Inflação e desemprego caminham de mãos dadas para flagelar a clientela preferencial do PT, a população mais pobre. Os mais ricos, por outro lado, há muito deixaram o PT órfão. A crise moral com o petrolão atingiu em cheio sua representatividade no chamado PIB.
As eleições municipais do ano que vem já têm seu resultado desenhado e será uma acachapante derrota do partido governante. Não creio que o processo de impeachment espere fechar as urnas, todavia. O desfecho inexorável acontecerá bem antes.
Dilma Rousseff está sentada à beira do abismo, seduzida pela profundidade e o anseio de jogar-se no vazio. Como diria Nietzsche, mesmo o menor dos abismos precisa ser transposto e esse é gigantesco. Não tem mais volta: será apeada do poder.
Quem viver verá.
10 de dezembro de 2015
Nivaldo Cordeiro
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