Até agora Madame não respondeu aos lamentos de seu substituto, certamente para não vestir a carapuça expressa na evidência de que realmente, nos últimos cinco anos, tratou o vice como peça decorativa. Não é a primeira vez que um presidente despreza seu vice. Getúlio mal cumprimentava Café Filho. Jânio Quadros devolveu a única carta que João Goulart mandou. Mesmo entre os generais-presidentes, Castello Branco não permitiu que José Maria Alckmin dispusesse de um carro oficial. Ernesto Geisel jamais consultou Adalberto Pereira dos Santos e João Figueiredo deu as costas a Aureliano Chaves. Mesmo Fernando Collor ignorou Itamar Franco.
EM CONDOMÍNIO?
Teria Dilma Rousseff a obrigação de dividir seu governo em condomínio com Michel Temer? No reverso da medalha, o vice teria muitos motivos para agastar-se diante da autoria de conceitos e opiniões que jamais exarou.
Em suma, uma briga de comadres. Importa menos saber se foi dona Mariquinhas ou dona Maricota quem começou com a disputa. Ambas dão vexame na calçada do subúrbio onde farpas correm de um lado para outro. Merecem-se, as duas. Enquanto isso, o país segue em frangalhos, vivendo um de seus piores momentos. Para o cidadão que paga impostos, melhor se Dilma e Temer renunciassem.
Dessa luta plena de golpes dados abaixo da linha da cintura, a pergunta que fica refere-se ao dia seguinte. Escapando do impeachment, Dilma precisará encontrar-se muitas vezes com Temer. Solenidades existem onde a presença dos dois é imprescindível. Cumprimentos, sorrisos, beijinhos? Mas se a presidente vier a ser afastada, deverão despedir-se? Naquele monte de decisões a tomar, pelo jeito sem ter tido informações dos temas de governo, ousará o sucessor informar-se com a antecessora?
O Brasil oferece ao mundo um espetáculo digno das maiores reprimendas. Qualquer que seja o desenlace fornecido pelo Congresso, sua consequência colocará frente a frente PMDB e PT. Lutarão com paus e pedras, conforme antiga previsão de Albert Einstein a respeito de como seria a Quarta Guerra Mundial, depois de terminada a Terceira…
10 de dezembro de 2015
Carlos Chagas
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