"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

LAVA JATO REVELA ESTRUTURA SIMILAR AO ESQUEMA DO MENSALÃO



As investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) dos inquéritos contra autoridades envolvidas na Operação Lava Jato revelou semelhanças entre o escândalo de corrupção na Petrobras e o do mensalão, que abalou o país em 2005 e levou ex-parlamentares à prisão em 2012. O principal ponto em comum é a arquitetura do esquema sob investigação, descrita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nas petições enviadas ao STF como “complexa organização criminosa”. A expressão é parecida com a usada em 2006 pelo então procurador-geral Antonio Fernando de Souza, que chamou o mensalão de “sofisticada organização criminosa” ao denunciar 40 pessoas.
Em 2012, a ideia foi seguida pelo então ministro do STF Joaquim Barbosa, relator do caso, no julgamento que condenou 25 réus. Entre eles, dez políticos. Dois deles reapareceram na lista de 49 políticos citados nas delações premiadas da Lava Jato que serão investigados: os ex-deputados do PP Pedro Corrêa (PE) e Pedro Henry (MT). Eles foram condenados a sete anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no mensalão.
A Lava Jato ainda chegou a outros nomes envolvidos no mensalão, como o deputado José Mentor (PT-SP). Ele chegou a enfrentar processo de cassação na Câmara por causa do mensalão, mas foi absolvido sem ser denunciado ao STF. Condenado como o líder do esquema do mensalão, o ex-ministro José Dirceu também reaparece na Lava Jato. A força-tarefa investiga se a empresa de consultoria dele recebeu recursos da Camargo Corrêa por serviços fictícios. Dirceu nega a acusação.
TESOUREIRO DO PT
Mais uma vez, um tesoureiro do PT é um dos personagens centrais do escândalo. Foi assim com Delúbio Soares, condenado a 8 anos no julgamento do mensalão. Agora, o alvo é João Vaccari Neto. Além de petistas, a Lava Jato também atinge políticos de outros dois partidos da base governista: PP e PMDB. O PP também acompanhava o PT no mensalão, que ainda tinha o envolvimento do PTB. O partido era presidido pelo ex-deputado Roberto Jefferson (RJ), que detonou o escândalo ao revelar o pagamento de mesadas a deputados da base do governo Lula operado pelo publicitário Marcos Valério. Agora, Janot também apontou indícios de que políticos envolvidos na Lava Jato recebiam propinas mensais, quinzenais e até semanais.
DELAÇÃO VIROU OFICIAL
Embora não tenha firmado um acordo de delação premiada, Jefferson acabou tendo a pena reduzida em três anos no julgamento como réu colaborador. Na LavaJato, a colaboração em troca de redução da pena foi institucionalizada.
Em 2005, a notoriedade súbita de Valério acabou revelando que ele já havia operado esquema semelhante para abastecer o caixa dois da campanha de reeleição ao governo de Minas do ex-senador tucano Eduardo Azeredo (PSDB-MG), que renunciou ao cargo em 2014 para não ser julgado pelo STF.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Já está mais do que provado que se trata do mesmo esquema criminoso, montado para “institucionalizar” a corrupção, com fixação de percentual destinado ao PT e a partidos ou representantes da base aliada. O próprio doleiro Alberto Youssef, um dos personagens centrais, já testemunhou a respeito. O objetivo era a eternização do PT no poder, mas agora tudo isso foi por água abaixo. É só uma questão de tempo: Lula, Dilma e o PT têm um encontro marcado com o fracasso. (C.N.)

10 de dezembro de 2015

Alexandre Rodrigues
O Globo

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