RIO – Agostinho, bispo de Hypona (hoje Annaba, na Argélia), um dos construtores do Cristianismo, autor de livros imortais como “Confissões”, “Cidade de Deus” e “Doutrina Cristã”, viveu dos anos 354 a 430, enfrentando as perseguições ao Catolicismo no mundo muçulmano, fugia da policia em pequeno barco quando foi cercado saindo de Hypona:
– O senhor viu o bispo Agostinho passando por aqui?
– Não vi não.
E o policial foi embora. O barqueiro levou um susto:
– Bispo Agostinho, sua Igreja ensina a não mentir.E o senhor mentiu.
– Não menti. Fiz uma “restrição mental”. Ele perguntou se eu vi o bispo passando. E eu não vi passando. Estou passando. Estamos passando.
LOTT
E foi em frente. No Brasil, tivemos um caso semelhante. Em 1955 Juscelino Kubitschek elegeu-se presidente da Republica. A UDN e seus militares tentaram um golpe para impedir a posse de JK O vice-presidente Café Filho internou-se em um hospital e assumiu o presidente da Câmara o mineiro Carlos Luz, que demitiu o ministro da Guerra marechal Lott e nomeou o general Fiuza de Castro.
Estava armada a jogada para impedir a posse de JK. Mas o marechal Lott e o general Odilio Denis rebelaram-se e exigiram a posse provisória de Nereu Ramos, presidente do Senado. O jornalista Otto Lara Rezende, da revista “Manchete”, foi entrevistar Lott:
– Marechal, os senhores rasgaram a Constituição?
– Pelo contrario, Otto. Nós garantimos o retorno aos quadros constitucionais vigentes.
O verdadeiro golpista Carlos Luz entregou o governo, Nereu Ramos assumiu a presidência e garantiu a posse de JK e João Goulart.
CUNHA
O híbrido deputado Eduardo Cunha está fingindo de Bispo de Hypona e marechal Lott. Diz que não tem dinheiro na Suíça, apenas “ativos”. E que os “ativos” não são dele, mas dos “trusts”, dos bancos.
É uma farsa. O bispo e o marechal não mentiam. Argumentavam. Defendiam-se: um da policia e o outro do golpe contra a posse de JK.
BRASIL
Em dois meses pela Europa, a pergunta que mais ouvia era uma:
– Como está o Brasil?
Infelizmente não está bem. E os números vêm piorando a cada dia.
1.– No PIB mundial, medido em dólares, o Brasil manteve, por alguns anos, o 7º lugar. Em primeiro lugar, os EUA, com US$ 18,12 trilhões ; depois, China, 11,21; Japão, 4,21; Alemanha, 3,41; Reino Unido, 2,85; França, 2,47. Agora, no início de outubro, o Fundo Monetário, projetando o cenário para 2015, deslocou a economia brasileira para o 9º lugar, com o PIB que era de US$ 2,35 trilhões sendo rebaixado para US$ 1,80 trilhão. A Índia passou a ser a sétima, com US$ 2,18 trilhões. E a oitava a Itália, com US$ 1,8 trilhão.
2.– O Brasil em dólares perdeu o equivalente ao PIB da Suécia que é de US$ 520 bilhões, ou da Argentina que é de US$ 474 bilhões. Analisando o impacto desse rebaixamento brasileiro, constata-se que o cenário projetado é ainda mais grave. Para o PIB de US$ 1,80 trilhão, o FMI utilizou a cotação do dólar a 3,20 reais. A conta é fácil: o PIB do Brasil em 2015 é de 5,74 trilhões de reais. Com o dólar em 3,20, alcançaríamos o total de US$ 1,793 trilhão, ou US$ 1,80 trilhão.
3.– A moeda norte americana chegou a ultrapassar 4 dólares, em relação ao real, determinando um rebaixamento ainda mais doloroso do Brasil, no “ranking” das principais economias mundiais. Com o dólar valendo R$ 3,50, a redução do PIB brasileiro iria para US$ 1,64 trilhão. Cotado a R$ 3,60, a queda seria para US$ 1,59 trilhão.Valendo R$ 4,00, o nosso PIB seria de US$ 1,43 trilhão.
4.– O “ranking” do Fundo na amostragem do PIB em dólar, em diferentes países, demonstra: a) no Canadá é de US$ 1,78 trilhão; b) na Austrália, US$ 1,44 trilhão; c) na Coréia do Sul, US$ 1,41 trilhão; d) Na Espanha, US$ 1,40 trilhão. Na América Latina, o do México US$ 1,28 trilhão. Se o dólar continuar se valorizando ante o real, agravando as contas nacionais, a recessão econômica poderá levar o nosso PIB, medido na moeda americana, a ser ultrapassado também por alguns desses países.
PEDALADAS
Há quatro anos, o então ministro Guido Mantega blasonava:
– “O FMI prevê que o Brasil será a quinta economia em 2015, mas acredito que isso ocorrerá antes”.
Em 2010, ao final do seu governo, era Lula quem afirmava:
– “Se depender de Dona Dilma e de Dom Guido, vamos ser a quinta economia do mundo. Em 2016, vamos conquistar essa medalha de ouro.”
Apenas irresponsáveis pedaladas.
17 de novembro de 2015
Sebastião Nery
17 de novembro de 2015
Sebastião Nery
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