"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

INTERVENÇÃO E TERRORISMO

Duas opiniões sensatas que ajudam a entender melhor o terrorismo depois dos últimos atentados em Paris.
Primeiro, veja o artigo de Hélio Schwartsman, publicado hoje no jornal Folha de S.Paulo.
Guerra ao terror

O presidente François Hollande classificou os atentados em Paris como "ato de guerra" e prometeu uma resposta implacável contra o Estado Islâmico (EI). Faz sentido declarar guerra ao terror? 
Num mundo 100% racional, em que governantes estivessem sempre interessados em salvar o maior número possível de vidas ao menor custo, o terrorismo estaria entre as últimas preocupações das autoridades. Para começar, as mortes provocadas por terrorismo são epidemiologicamente pouco relevantes. 
Em 2015, ano que extrapola todas as estatísticas anteriores, o total de óbitos na França deverá ficar em torno de 150. É menos do que as mortes em acidentes de lambreta (165) ou de bicicleta (159) que ocorrem todos os anos naquele país. Se considerarmos períodos mais típicos – entre 2001 e 2014 houve 82 mortes em atentados na França, média de 5,8 por ano –, nos aproximamos de causas de óbito bem mais exóticas, como raios (8 a 15 mortes) e ferroadas de abelhas (15). 

Se a meta do governo é proteger vidas abstratas, faria muito mais sentido investir em programas de redução do consumo de tabaco e álcool, que, juntos, respondem por 90 mil das 540 mil mortes anuais de franceses. Ações como essa tendem a ser mais efetivas e baratas do que operações militares no Oriente Médio.

O problema é que nós, humanos, não somos assim tão racionais, e os assassinatos provocados por terroristas tocam fundo em nossas emoções. Consideramos essas mortes particularmente covardes, ultrajantes e imorais – e exigimos reparação. O político que deixar de dar uma resposta à altura está com seus dias contados, venha ele da esquerda ou da direita. 

Como também sou humano, acho que faz todo o sentido combater a barbárie do EI. É preciso, porém, muito cuidado ao interferir na bagunça que é o Oriente Médio. Vale lembrar que uma das causas do surgimento do EI foi a desastrada intervenção dos EUA no Iraque.

Agora, confira entrevista com Bruno Lima Rocha, professor do curso de Relações Internacionais da Unisinos – Universidade do Vale do Rio dos Sinos, do Rio Grande do Sul. 
Dica de Ana Paula Martins. Bruno Lima Rocha explica de forma didática os motivos dos últimos ataques terroristas.

                          


17 de novembro de 2015
Por Hélio Schwartsman - Folha de S.Paulo

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