Apesar de, nos bastidores, ministros e assessores da presidente considerarem a versão de Cunha “fantasiosa”, oficialmente o tema será tratado como “um problema do Legislativo”, frase que deve ser ecoada por Dilma e seus auxiliares nos próximos dias sempre que forem questionados sobre o assunto.
A avaliação do governo é que o tema não pode virar um novo ponto de atrito com Cunha, que tem a prerrogativa de abrir ou não processo de impeachment contra Dilma.
Agora, com as denúncias contra ele e o processo que corre no Conselho de Ética da Câmara e pode terminar com a cassação do mandato do peemedebista, Dilma teme o que chama de “imprevisibilidade” nas ações de Cunha.
Ele já fez chegar à presidente que, caso o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, peça o seu afastamento da presidência da Câmara, ele vai deferir o processo de impedimento de Dilma.
A aliados, a petista se mostrou preocupada porque, segundo ela, não há como ter controle sobre Janot.
CAUTELA NA CÂMARA
A ordem do Planalto e da cúpula do PT aos seus líderes na Câmara é não alvejar Cunha, para não estimular ações contra a presidente.
Entre os parlamentares, o clima é bem parecido com o dos corredores do Planalto.
Nos bastidores, deputados comentam que a versão de Cunha não os convenceu, mas, publicamente, poucos expressam uma opinião clara sobre o assunto.
Na sexta (6), mais de um mês após vir à tona que ocultou patrimônio na Suíça, Cunha reconheceu sua ligação com as contas suspeitas de terem sido irrigadas com recursos desviados da Petrobras. Ele disse que o dinheiro tem origem lícita.
Segundo ele, a verba foi fruto de negócios que teria feito antes de entrar na vida pública, como a venda de carne enlatada para o exterior e investimentos em ações.
OPOSIÇÃO CONTIDA
Entre a oposição, o assunto também é tratado com cautela. O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), por exemplo, afirmou que o assunto cabe ao Conselho de Ética da Câmara.
O PSDB, que nesta terça-feira reúne sua Executiva Nacional, deve aprovar um pedido de afastamento de Cunha da Presidência da Casa, segundo o secretário-geral da legenda, Silvio Torres (SP).
O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), autor da representação contra Cunha no Conselho de Ética, classificou as explicações dadas pelo peemedebista como um “conto de realismo fantástico”.
10 de novembro de 2015
Marina Dias e Aguirre Talento
Folha
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