"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

DIPLOMACIA DO COICE


Como eu, meus distintos leitores certamente ficaram sabendo do coice que nossa egrégia presidente assestou gratuitamente no embaixador da Indonésia – e, por procuração, nos 250 milhões de habitantes daquele país.

Como eu, meus distintos leitores se consternaram com a baixeza com que foi tratado o embaixador que, tendo vindo a palácio a convite, viu-se humilhado e feito de bobo na frente de diplomatas e autoridades. Imagine a situação: convidado formalmente a uma festa, você vai. Na porta, sua entrada é proibida e você é chamado de penetra. Foi o que aconteceu.


Palácio do Itamaraty e seu espelho d’água

Como eu, meus distintos leitores ficaram apreensivos com a repercussão que essa grosseria está tendo nos itamaratis do mundo. A estas alturas, todos os governos do planeta já estão a par da estupidez de tratamento à qual diplomatas forasteiros estão expostos no Brasil.

Como eu, meus distintos leitores entenderam que, se alguma chance ainda subsistia de salvar o traficante brasileiro prisioneiro na Indonésia, ela escoou pelo ralo. Aquele país não pode agora graciar o condenado nem atenuar sua pena. Se o fizer, mostrará que se dobrou à chantagem de Brasília, atitude inconcebível. O comportamento de nossa preclara presidente foi o passo definitivo para a execução do apenado.

Como eu, meus distintos leitores atribuíram o gesto arrogante à conjugação de dois fatores venenosos: o mau humor crônico da mandatária e o aconselhamento gangrenado que tem recebido de seus ‘assessores’, notadamente um certo senhor Garcia – aquele do ‘top-top’.


Pois fiquem meus distintos leitores sabendo que… por baixo do angu tem carne. A informação vem do Diário do Poder, do superantenado jornalista Cláudio Humberto. A carne por debaixo do angu é mais podre do que se pode imaginar. Sabe aquele tipo de gente capaz de pisar o pescoço da mãe para alcançar seu objetivo? Pois é, nossa altas autoridades são membros desse clube.



Pelo relato do jornalista, o coice aplicado no diplomata indonésio nada mais seria que uma ideia de marqueteiro destinada a levantar ‘cortina de fumaça’. A intenção era fornecer matéria para reportagens revoltadas e editoriais indignados que assim, distraídos, desviariam por um momento a atenção da incômoda operação Lava a Jato. Funcionou perfeitamente.

Não estou aqui pra substituir-me ao tribunal indonésio. Se o conterrâneo condenado na Indonésia é culpado ou não, se foi julgado com isenção ou não, se a pena de morte é adequada ou não – meu intuito não é discutir isso. O que nos fica é a certeza de que, nesse episódio, o traficante condenado fez papel de inocente útil, de boi de piranha. Foi sacrificado para aliviar a barra do Planalto.

Descansai tranquilos, brasileiros! Vosso País está em boas mãos!



Quem perdeu algum capítulo da história e gostaria de pôr-se a par do assunto pode clicar aqui.


10 de novembro de 2015
José Horta Manzano

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