"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

PERSPECTIVA DO BRASIL É "SOMBRIA", AVALIA WELLS FARGO

ECONOMISTAS QUE ACOMPANHAM O DIA A DIA DA ECONOMIA CONCORDAM QUE O CENÁRIO PIOROU

BANCO QUE É O TERCEIRO MAIOR DOS EUA, COMPARA A CRISE ATUAL COM A DE 1999 FOTO: FLICKR


A economia brasileira pode piorar ainda mais nos próximos meses e as perspectivas para o segundo semestre são "sombrias", avalia o Wells Fargo, terceiro maior banco em ativos dos Estados Unidos. De queridinho entre os principais mercados emergentes do mundo, o Brasil mergulhou em uma crise da qual parece difícil achar o caminho de saída, afirma relatório divulgado nesta segunda-feira, 1, pela instituição.

Para o economista sênior do Wells Fargo responsável pela América Latina, Eugenio Aleman, a combinação da queda internacional dos preços das commodities, incertezas envolvendo o futuro da China e fatores domésticos no Brasil, como as investigações da Operação Lava Jato, além de já terem afetado a atividade econômica brasileira, sinalizam que o crescimento deve permanecer baixo por "vários anos".

O banco compara a crise atual com a de 1999, quando o Brasil, que tinha o câmbio fixo e praticamente paridade com o dólar, foi forçado a desvalorizar rapidamente o real. Pelo lado positivo, o câmbio flexível de agora é um fator útil para absorver choques externos e deve ajudar o Brasil a enfrentar a situação adversa. Pelo lado negativo, o cenário político agora é muito mais incerto, comenta Aleman, destacando a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Há potencial no Brasil para uma ampla crise política, caso ocorra a saída de Dilma, destaca o relatório do Wells Fargo. "Mas por agora esse processo não está claro", afirma o economista. Aleman cita que Dilma estava no Conselho da Petrobrás durante o período investigado pela Lava Jato. Mas até agora as investigações da Polícia Federal não envolveram a presidente, afirma o relatório.

Grau de investimento

Economistas que acompanham o dia a dia da economia brasileira concordam que o cenário piorou. O reconhecimento do déficit de R$ 30,5 bilhões no Orçamento da União no próximo foi um fator decisivo para essa piora.

Em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC) e sócio da Schwartsman & Associados, Alexandre Schwartsman, disse que a situação atual deve acelerar a perda do grau de investimento, espécie de atestado de bom pagador, atribuído a países e empresas por agências de classificação de risco.

"A parcela positiva da avaliação do Brasil, à parte reservas, foi a promessa de melhora fiscal, agora prejudicada pela proposta orçamentária. Isso acelera, provavelmente, o processo", disse o economista.

Quanto ao câmbio, Schwartsman avalia que o efeito de uma eventual perda do grau de investimento é sempre controverso. Mas diz desconfiar que esse cenário já estaria, em boa medida, no preço. "Deve seguir desvalorizando, mas pelos demais motivos: Estados Unidos, China e commodities, etc", previu.

Na avaliação da pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, Monica de Bolle, o número previsto no Orçamento de 2016, se mantido inalterado, fará com que a economia brasileira acumule déficits primários por três anos seguidos. Em 2014, o déficit primário ficou em 0,6% do PIB. Neste ano, a equipe econômica trabalha com uma meta de superávit primário de 0,15% do PIB, mas ela acha bastante difícil que esse resultado seja alcançado.

"A equipe econômica pode ter tentado fazer com que o Orçamentário deficitário desse uma dimensão da extensão dos nossos problemas para o Congresso", diz Mônica. "A classe política e a sociedade brasileira têm de reconhecer que os problemas são graves e precisam fazer uma discussão muito mais séria do que a que está havendo nesse momento."

Quando assumiu o governo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou a prometer um superávit primário de 2% do PIB para 2016 - esse número, antes da divulgação da proposta orçamentária, já havia sido revisado para 0,7% do PIB.

"O risco de perda de grau de investimento aumentou porque a proposta deixou uma situação totalmente em aberto. Houve um aumento da incerteza, porque não existe a fonte de financiamento desse déficit", afirma Raul Velloso, especialista em finanças públicas.(AE)



02 de setembro de 2015
diário do poder

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