"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

"A PRESIDENTE NÃO GOVERNA MAIS", AFIRMA FUNDADOR DO PT

BICUDO DIZ QUE PEDIDO DE IMPEACHMENT EFETIVA MANIFESTAÇÕES DE RUA

"QUEM ESTÁ GOVERNANDO SÃO OS ACÓLITOS QUE ESTÃO DO LADO DELA", DISPAROU BICUDO (FOTOS: IVAN SEKRETAREV E PAULO GIANDALIA)


Autor de um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff o jurista Helio Bicudo, 93 anos, fundador do PT, disse ao Estadão que o objetivo da iniciativa é dar efetividade às manifestações de rua que pedem a destituição da presidente. Segundo Bicudo, Dilma já não está mais governando.

"A presidente já não governa mais. Quem está governando são os acólitos (ajudantes, acompanhantes) que estão do lado dela", disse Bicudo.

O jurista, no entanto, poupa o vice-presidente, Michel Temer (PSDB).

"O vice-presidente não tem tido uma atuação política que justifique seu afastamento", argumentou.

Segundo ele, a ideia de fazer o pedido de impeachment surgiu depois de conversas com representantes de movimentos que chamaram as manifestações de rua contra a presidente.

"A ideia foi evoluindo a partir das manifestações de rua onde se pede o afastamento da presidente. Para que as manifestações tivessem fundo só seria possível com um pedido formal de afastamento", afirmou o jurista.

Bicudo deixou o PT em 2005 ao lado de deputados que viriam a fundar o PSOL e do ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio (1930-2014) no auge do escândalo do mensalão. Desde então se transformou em uma voz crítica à legenda que ajudou a fundar. Em 2010, quando Dilma foi eleita, ele anunciou publicamente apoio à candidatura do tucano José Serra à Presidência. Segundo Bicudo, o motivo da saída do PT é o afastamento do partido de seus objetivos originais.

"O PT foi criado para ser uma ferramente absolutamente democrática mas hoje o partido está dominado pelo caciquismo", disse ele.

Bicudo negou ter sido procurado por políticos antes ou depois do pedido de impeachment e disse achar naturais as divergências de seus filhos que, em entrevistas à Folha de S. Paulo, discordaram da iniciativa do pai.

"Meus filhos foram criados em um sistema democrático. Não quero atrelá-los àquilo que eu penso", afirmou. Segundo ele, Dilma agiu com dolo (intenção) na questão das chamadas pedaladas fiscais e isso fundamenta juridicamente o pedido.

"Dilma não tem apenas culpa no que aconteceu. Ela atuou diretamente para que aquilo acontecesse. Na campanha pela reeleição ela disse que faria isso e aquilo e fez exatamente o contrário", disse Bicudo.

Questionado sobre a permanência do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado pelo Procuradoria Geral da República de participação no esquema de desvios da Petrobrás, na presidência da Câmara, Bicudo se esquivou.

"Isso é um problema interno da Câmara. Ele foi eleito pela maioria dos deputados. Não quero me imiscuir nos problemas deles", disse o jurista. (AE)



02 de setembro de 2015
diário do poder

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