O serviço de meteorologia política informa: tempestade para amanhã, em Brasília. O Procurador-Geral será sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e, em seguida, submetida ao plenário a sua recondução. Salvo inusitados, será aprovado para mais dois anos no cargo, mas vai sair faísca nas interpelações dos senadores a Rodrigo Janot. Com o ex-presidente Fernando Collor à frente, provocações acontecerão. Renan Calheiros, na condução dos trabalhos de votação, deverá manter postura imparcial, agora que integra o time da presidente Dilma. Não foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal por suposto envolvimento no escândalo da Petrobras, mas nada garante de ter sido poupado para sempre. Segue num fio de navalha que já atingiu Eduardo Cunha, presidente da Câmara.
Junte-se a essa elevação de temperatura no Senado a iniciativa do ministro Gilmar Mendes, no Tribunal Superior Eleitoral, determinando a abertura de investigações sobre o uso de dinheiro podre na campanha presidencial do ano passado e se terá a receita de uma semana apimentada na capital federal.
DESEMPREGO E INFLAÇÃO
Enquanto isso, acentua-se a crise econômica com o aumento do desemprego e da inflação, ambos disputando para saber qual deles chega primeiro aos dois dígitos. O empresariado e os sindicalistas preparam-se para mais um embate, sem sinais de arrefecimento de suas posições. Continuam as dispensas nas fábricas e demais postos de trabalho, levando as centrais sindicais a antecipar uma greve geral de sérias proporções, ao tempo em que o governo escorregou outra vez, punindo os aposentados com a suspensão do pagamento da parcela integral de 50% do décimo terceiro salário.
Diz o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não haver dinheiro, ainda que para o pagamento de juros não venha a faltar.
IMPEACHMENT
O PSDB engajou-se na proposta de afastamento da presidente Dilma, contando com o apoio velado de parte do PMDB. O vice-presidente Michel Temer deu sinais de desembarcar do trem de apoio a Madame, enquanto Eduardo Cunha tenta descarrilhar a composição. O Lula, de seu turno, anuncia mais uma promessa não cumprida de percorrer o país em defesa da sucessora, ao tempo em que enfrenta acusações de tráfico de influência e favorecimento de empreiteiras.
Em suma, no histórico da Nova República, essa parece a conturbação mais explosiva desde o impeachment do presidente Fernando Collor, agora com o adendo da alta do custo de vida, de impostos, taxas e tarifas de serviços públicos, em meio aos já referidos desemprego e inflação. Milagres estão fora de moda, mas se não sobrevier algum dos grandes, logo a nação estará posta em frangalhos.
25 de agosto de 2015
Carlos Chagas
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