"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

DEPOIMENTO DA FILHA COMPLICA O ALMIRANTE DA ELETRONUCLEAR



Ana Cristina, em foto que circula na web
Pagamentos adiantados para estudos “pouco profundos” e contratos que já chegavam elaborados fazem parte da versão apresentada pela engenheira Ana Cristina da Silva Toniolo para justificar a maior parte dos pagamentos recebidos pela Aratec, suspeita de receber a propina da obra de Angra 3. Ana Cristina é filha do almirante reformado Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente da Eletronuclear entre 2007 e 2014.
Ele está preso desde julho por suspeita de ter recebido R$ 4,7 milhões em propina das empreiteiras por meio de empresas intermediárias que realizavam depósitos na conta da Aratec –empresa da família.
No depoimento à Polícia Federal, Ana Cristina, que constava como administradora da Aratec, disse que recebeu os contratos prontos da CG Consultoria – empresa suspeita de intermediar suborno de R$ 2,7 milhões à Aratec.
Segundo ela, os pagamentos referiam-se a serviços efetivamente prestados – a elaboração de estudos para a CG Consultoria. Ana Cristina diz que Carlos Gallo, da CG, era amigo de seu pai.
“COMPILAÇÃO DE INFORMAÇÕES”
“Não se tratavam de estudos profundos de autoria da declarante e nem de consultorias, apenas de uma compilação de informações sobre um tema; a declarante apenas obedeceu àquilo que lhe foi pedido”, diz trecho da transcrição do depoimento. “Não questionou Carlos a razão dos pedidos dos tais estudos, apenas atendeu a uma solicitação de seu pai”.
Segundo ela, Gallo entregava os contratos prontos, contendo a descrição do estudo a ser feito. Só depois da emissão da nota fiscal e do pagamento, o dono da CG pedia a Ana Cristina que “montasse um paper, um estudo referente ao tema”.
Ana Cristina também atribuiu ao pagamento de dívidas antigas e ao investimento de um sócio os repasses feitos por empresas suspeitas de escoar a propina de grandes empreiteiras ao almirante Othon.
TURBINA
A engenheira afirma que entrou na Aratec após iniciar a carreira como tradutora e usou a empresa do pai para emitir notas para receber pelas traduções feitas. Quando Othon foi para a Eletronuclear, ela passou à condição de sócia e administradora da firma.
Ana Cristina disse à polícia que o pai desenvolveu na Aratec uma turbina, já patenteada no Brasil e no exterior, e que parte do dinheiro que entrou na empresa veio de investidores do projeto.
Os auxiliares do almirante no projeto da turbina, disse, eram ex-colegas da época em que ele estava na Marinha. Segundo Ana Cristina, os pagamentos aos desenvolvedores da turbina não foram documentados em contrato nem emitidos recibos. Muitas vezes, o dinheiro era sacado das contas da Aratec e depositado nas contas dos prestadores de serviço. Segundo Ana Cristina, o método visava evitar a caracterização de relação trabalhista.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Primeiro, pagava. Depois pedia para emitir um “paper” que justificasse o pagamento. Que moleza, hein? (C.N.)

14 de agosto de 2015
Graciliano Rocha
Folha

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