OTHON LUIZ É PAI DO PROJETO DO SUBMARINO NUCLEAR BRASILEIRO
O diretor da Engevix José Antunes Sobrinho afirmou que os repasses de dinheiro da empreiteira para a Aratec Engenharia, controlada pelo ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva – pai do programa nuclear brasileiro -, foram a título de ‘contribuição a projeto’. Ao menos R$ 765 mil saíram dos cofres da Engevix, passaram pelo caixa da Link Projetos e chegaram à Aratec.
O depoimento de Sobrinho na Polícia Federal ocorreu no dia 10 de agosto. Othon Luiz foi preso em 28 de julho. A comunidade nuclear está em choque. Nome de grande prestígio na área, o almirante, no fim dos anos 1970 (governo general Ernesto Geisel) participou diretamente do projeto do submarino nuclear brasileiro.
Investigadores da Lava Jato suspeitam que, no total, R$ 4,5 milhões tenham sido pagos por empreiteiras com obras em Angra 3 – entre elas a Andrade Gutierrez, além da Engevix – a título de propina para o almirante Othon Luiz, via empresas intermediárias. O ex-presidente da Eletronuclear está preso desde 28 de julho.
Sobrinho afirmou que conheceu Othon Luiz na década de 1980, na época de desenvolvimento do projeto do submarino nuclear brasileiro. Em 2010, segundo ele, o então presidente da Eletronuclear pediu um apoio para investir em um projeto de desenvolvimento de turbinas de baixa queda, sobre o qual já havia um protótipo.
“Othon mostrou ao declarante (José Sobrinho) a ideia que estava desenvolvendo, através de uma empresa chamada Hydrel; que o assunto dizia respeito à área do declarante, e por isso houve o interesse em contribuir para o projeto”, contou José Antunes Sobrinho. “O interesse em contribuir para o projeto de Othon dizia respeito à parte técnica, sem nenhuma exigência quanto à patente.”
O diretor da Engevix afirmou que a empreiteira tem dois contratos na obra de Angra 3, um próprio e outro como subcontratada. Segundo ele, Othon Luiz não teve participação no desenvolvimentos destas licitações, ‘nunca oferecendo qualquer tipo de facilidade à Engevix’.
“Com relação ao apoio financeiro que foi dado ao projeto de Othon, a intenção foi apoiar um projeto de fonte renovável de energia e propiciar a comercialização do produto; que em razão de Othon ser presidente da Eletronuclear, pediu ao declarante que a contribuição da Engevix fosse feita por meio de alguma outra empresa, para não gerar suspeita sobre os contratos da Engevix junto àquela estatal, sendo que de fato não houve qualquer relação.”
Sobrinho afirmou que Othon forneceu os dados da empresa Aratec para recepcionar os depósitos vindos da Engevix. De acordo com o executivo, a empresa Link era uma antiga prestadora de serviços para a Engevix e foi recomendada pelo diretor Gérson Almada, pois fazia mais trabalhos na área dele.
O executivo relatou que até dezembro de 2014, lidava com a área de concessões e também de energia e infraestrutura da Engevix. Ele afirmou que adquiriu parte da empresa em 1996, em um ‘management buyout’, quando o proprietário anterior resolveu vender a empresa para os diretores. Também compraram parte do grupo os executivos Gerson Almada e Cristiano Kok.
“Quanto ao diretor Cristiano Kok, o mesmo tinha conhecimento do interessa da empresa em investir no projeto da turbina de Othon; que Cristiano soube que foi feito um contrato com a Link para operacionalizar os pagamentos que seriam direcionados a Aratec”, afirmou. “Foi o declarante que quem fez contato com Victor Colavitti, dono da Link para solicitar que pudesse efetuar pagamentos à Aratec por intermédio da sua empresa; que acredita que o auxílio se deu até meados de 2014, quando foi atingido o limite financeiro inicialmente acertado.”
Delação. Um novo delator da Operação Lava Jato confessou que sua empresa Link Projetos e Participações foi usada como intermediária para repasse de ao menos R$ 765 mil, de 2010 a 2014, entre a empreiteira Engevix e a Aratec. O empresário Victor Colavitti, o novo delator, entregou à força-tarefa da Lava Jato um contrato original da Engevix com a Link Projetos, datado de 30 de maio de 2010, no valor de R$ 500 mil, em 16 parcelas. Segundo ele, ‘foi o primeiro contrato firmado com a Engevix com a intenção de efetuar repasses à Aratec’.
“As declarações do colaborador Victor Sergio Colavitti somadas ao conjunto de provas já constante dos autos, evidenciam plenamente que foram firmados contratos fictícios pela Link Projetos, tanto com a Engevix, tanto com a Aratec, para que fosse proporcionada a passagem de valores da corrupção para Othon Luiz”, sustentam os procuradores do Ministério Público Federal. (AE)
14 de agosto de 2015
diário do poder
EXECUTIVO DA ENGEVIX DISSE QUE CONHECEU OTHON LUIZ NA ÉPOCA DO PROJETO DO SUBMARINO NUCLEAR (FOTO: BETO BARATA/ESTADÃO CONTEÚDO) |
O diretor da Engevix José Antunes Sobrinho afirmou que os repasses de dinheiro da empreiteira para a Aratec Engenharia, controlada pelo ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva – pai do programa nuclear brasileiro -, foram a título de ‘contribuição a projeto’. Ao menos R$ 765 mil saíram dos cofres da Engevix, passaram pelo caixa da Link Projetos e chegaram à Aratec.
O depoimento de Sobrinho na Polícia Federal ocorreu no dia 10 de agosto. Othon Luiz foi preso em 28 de julho. A comunidade nuclear está em choque. Nome de grande prestígio na área, o almirante, no fim dos anos 1970 (governo general Ernesto Geisel) participou diretamente do projeto do submarino nuclear brasileiro.
Investigadores da Lava Jato suspeitam que, no total, R$ 4,5 milhões tenham sido pagos por empreiteiras com obras em Angra 3 – entre elas a Andrade Gutierrez, além da Engevix – a título de propina para o almirante Othon Luiz, via empresas intermediárias. O ex-presidente da Eletronuclear está preso desde 28 de julho.
Sobrinho afirmou que conheceu Othon Luiz na década de 1980, na época de desenvolvimento do projeto do submarino nuclear brasileiro. Em 2010, segundo ele, o então presidente da Eletronuclear pediu um apoio para investir em um projeto de desenvolvimento de turbinas de baixa queda, sobre o qual já havia um protótipo.
“Othon mostrou ao declarante (José Sobrinho) a ideia que estava desenvolvendo, através de uma empresa chamada Hydrel; que o assunto dizia respeito à área do declarante, e por isso houve o interesse em contribuir para o projeto”, contou José Antunes Sobrinho. “O interesse em contribuir para o projeto de Othon dizia respeito à parte técnica, sem nenhuma exigência quanto à patente.”
O diretor da Engevix afirmou que a empreiteira tem dois contratos na obra de Angra 3, um próprio e outro como subcontratada. Segundo ele, Othon Luiz não teve participação no desenvolvimentos destas licitações, ‘nunca oferecendo qualquer tipo de facilidade à Engevix’.
“Com relação ao apoio financeiro que foi dado ao projeto de Othon, a intenção foi apoiar um projeto de fonte renovável de energia e propiciar a comercialização do produto; que em razão de Othon ser presidente da Eletronuclear, pediu ao declarante que a contribuição da Engevix fosse feita por meio de alguma outra empresa, para não gerar suspeita sobre os contratos da Engevix junto àquela estatal, sendo que de fato não houve qualquer relação.”
Sobrinho afirmou que Othon forneceu os dados da empresa Aratec para recepcionar os depósitos vindos da Engevix. De acordo com o executivo, a empresa Link era uma antiga prestadora de serviços para a Engevix e foi recomendada pelo diretor Gérson Almada, pois fazia mais trabalhos na área dele.
O executivo relatou que até dezembro de 2014, lidava com a área de concessões e também de energia e infraestrutura da Engevix. Ele afirmou que adquiriu parte da empresa em 1996, em um ‘management buyout’, quando o proprietário anterior resolveu vender a empresa para os diretores. Também compraram parte do grupo os executivos Gerson Almada e Cristiano Kok.
“Quanto ao diretor Cristiano Kok, o mesmo tinha conhecimento do interessa da empresa em investir no projeto da turbina de Othon; que Cristiano soube que foi feito um contrato com a Link para operacionalizar os pagamentos que seriam direcionados a Aratec”, afirmou. “Foi o declarante que quem fez contato com Victor Colavitti, dono da Link para solicitar que pudesse efetuar pagamentos à Aratec por intermédio da sua empresa; que acredita que o auxílio se deu até meados de 2014, quando foi atingido o limite financeiro inicialmente acertado.”
Delação. Um novo delator da Operação Lava Jato confessou que sua empresa Link Projetos e Participações foi usada como intermediária para repasse de ao menos R$ 765 mil, de 2010 a 2014, entre a empreiteira Engevix e a Aratec. O empresário Victor Colavitti, o novo delator, entregou à força-tarefa da Lava Jato um contrato original da Engevix com a Link Projetos, datado de 30 de maio de 2010, no valor de R$ 500 mil, em 16 parcelas. Segundo ele, ‘foi o primeiro contrato firmado com a Engevix com a intenção de efetuar repasses à Aratec’.
“As declarações do colaborador Victor Sergio Colavitti somadas ao conjunto de provas já constante dos autos, evidenciam plenamente que foram firmados contratos fictícios pela Link Projetos, tanto com a Engevix, tanto com a Aratec, para que fosse proporcionada a passagem de valores da corrupção para Othon Luiz”, sustentam os procuradores do Ministério Público Federal. (AE)
14 de agosto de 2015
diário do poder
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