"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

GOVERNO CORTA VERBAS DA PF E DIFICULTA A OPERAÇÃO LAVA JATO





Delegados da Polícia Federal denunciam que diárias de várias operações não estão sendo pagas, inclusive da Lava-Jato, a maior investigação de corrupção da história do país. Eles entendem que há um risco de “matar à míngua” a apuração e não descartam que essa seja uma forma de minar o caso por haver envolvimento de pessoas ligadas ao PT e ao governo federal.

Segundo o presidente regional da Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), Eduardo Mauat da Silva, há cerca de dois meses os pagamentos não são feitos aos investigadores e acumulam-se num volume de aproximadamente R$ 200 mil. A Lava-Jato é composta por cerca de 25 a 30 policiais. São seis delegados, segundo apurou o Correio.

O presidente do sindicato da categoria no Paraná (Sindipf), Algacir Mikalovski, afimou que os colegas “tiram do bolso” ou “de seus cartões de crédito” os recursos para tocar as apurações. Mauat disse que a Lava-Jato não teve nenhum ato interrompido pela falta de diárias ou mesmo de suprimentos, porque os agentes e delegados estão arcando com as despesas que deveriam ser assumidas pela corporação.

É PROPOSITAL OU NÃO?

Ele afirmou que há uma preocupação dos delegados que a Operação seja estrangulada financeiramente. Mauat afirma que jornalistas lhe perguntam se eventualmente o governo atrapalha a Lava-Jato intencionalmente pelo fato de haver envolvimento de pessoas do PT, partido que comanda o Poder Executivo. E ele tem respondido: “Eu diria: ‘Não sei’, mas nós vamos ver o que vai acontecer nos próximos meses”.

“Você pode matar uma operação à míngua se você tirar os recursos dela de maneira sutil”, acrescentou o presidente regional da ADPF. “Vamos ficar atentos a isso. Há um prazo. Se o governo não realocar algumas rubricas, porque há dinheiro no orçamento, para pagar essas diárias. Não queremos acabar perdendo policiais.”

Entre 60% e 70% dos quase 30 integrantes da Lava-Jato são de fora de Curitiba e estão na cidade mantidos em hotéis pagos por eles mesmos por causa da falta de diária. O valor das diárias está de cerca R$ 200 por dia.

DEMAGOGIA DO GOVERNO

Mikaloviski e Mauat contrariaram o discurso do governo Dilma Rousseff de que eles incentivam as investigações “doa a quem doer”, ao contrário do governo do PSDB, quando a PF não tinha tantas investigações. O presidente do sindicato diz que é “obrigação” dar estrutura para a polícia investigar. “O governo tem a obrigação de dar essa estrutura”, disse Mikalovski. “Não é uma benesse. A ausência dessas estruturas tem que ser cobrada.”

Já Mauat afirmou que o discurso de divisão entre partidos não deve ser levado em conta. Ele avalia que a melhoria econômica do país na década passada, durante o governos de Luiz Inácio Lula da Silva, influenciou a PF. Com mais recursos, mais salários e mais policiais, a corporação aumentou sua eficiência.

“De fato aconteceu [a melhora]”, disse Mauat. Mikalovski avaliou que o governo não define o que será investigado ou não, mas apenas fornece meios para as apurações seguirem tecnicamente. “Não está ligado a A, B o C. Se vier um outro governo de outro partido, e as operações aumentarem, não será mérito do outro governo”, analisou Mauat.

20 de abril de 2015
Eduardo Militão
Correio Braziliense

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