"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 5 de abril de 2015

CARF E UM PS SOBRE CIVILIDADE


BRASÍLIA - Falta criatividade em quase tudo no Brasil, mas ninguém pode reclamar da nossa classe de delinquentes orbitando a esfera do Estado. Eles sempre inovam.

A bola da vez é o Carf, o opaco órgão subordinado ao Ministério da Fazenda que analisa recursos contra multonas da Receita. Coisa de bilhões de reais, de fazer as roubalheiras na Petrobras parecerem triviais.

Carf? É assim: se o cidadão comum cai na malha fina porque esqueceu de declarar uma bobagem, purgatório e inferno na forma de delegacias da Receita o esperam. Se você é um peixão e deve algumas centenas de milhões, o Carf está lá para lhe dar um vislumbre do paraíso.

Chato, mas do jogo da economia. Até que policiais federais e procuradores descobriram que uma quadrilha, que parece incluir ex-funcionários do Carf e advogados, oferecia a empresas jeitinhos para terem suas multas proteladas ou anuladas, mediante suborno ao colegiado.

Cabe aqui uma palavra de cautela. Pela leitura da representação do caso, fica claro que a PF teve seu trabalho tolhido por diversas negativas judiciais de diligências. Com isso, ainda estamos mais no campo das suspeitas do que das certezas no caso.

É cedo para culpar as grandes empresas que foram aparentemente favorecidas pela quadrilha. Elas sempre poderão alegar que contrataram advogados, não bandidos, e que não sabiam de procedimentos ilícitos. Soa improvável, eu sei.

A investigação precisa avançar.

*

PS - Que as redes sociais expõem o pior do ser humano, isso é uma obviedade. Mas causou especial repulsa nesta sexta (3) ver uma legião de cretinos diminuindo a morte do filho de Lu e Geraldo Alckmin, ao comparar um acidente com o inaceitável assassinato do garoto Eduardo numa "favela pacificada". A dor mais inalcançável é a da perda de um filho. No Alemão ou no Bandeirantes.

05 de abril de 2015
Igor Gielow

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