Investigado na Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró foi denunciado mais uma vez nesta segunda-feira (23) sob acusação de ocultar de seu patrimônio um apartamento de cobertura no Rio de Janeiro.
O imóvel, que fica em Ipanema, foi avaliado em R$ 7,5 milhões. Ele está registrado em nome da empresa Jolmey do Brasil – que, segundo o MPF (Ministério Público Federal), é de propriedade de Cerveró.
Os procuradores afirmam que o ex-diretor, preso desde o dia 14 de janeiro por ter movimentado bens de maneira suspeita, recebia propinas em contratos da Petrobras e lavava esse dinheiro no Uruguai, transferindo os valores para a empresa offshore Jolmey S/A.
USANDO LARANJAS
A companhia, assim como sua filial brasileira, pertence a Cerveró, de acordo com o MPF, embora esteja registrada em nome de terceiros.
Foi a Jolmey do Brasil que comprou o apartamento em Ipanema, em 2009, o reformou e o alugou para Cerveró na sequência, por R$ 3.650 mensais – valor abaixo da média de mercado.
“Evidente, pois, que a Jolmey do Brasil é apenas uma empresa de fachada criada e utilizada com o único propósito de ocultar a propriedade de bem”, afirmam os procuradores na denúncia. “Foi apenas um estratagema utilizado pelo denunciado para ocultar que era o real proprietário do bem.”
O objetivo do esquema, para o Ministério Público, era evitar que Cerveró fosse alvo de investigação por enriquecimento sem causa.
LAVAGEM E QUADRILHA
O ex-diretor foi denunciado pelos crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Ele já é réu em outra ação da Lava Jato, sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro na compra de navios-sonda pela Petrobras, em 2007.
Além dele, também foram denunciados o operador Fernando Soares, o Baiano, responsável por transferir o dinheiro da propina para o exterior, e o empresário uruguaio Oscar Algorta, amigo de Cerveró e presidente do Conselho de Administração da Jolmey S/A.
Contra Algorta, pesa a acusação de lavagem de dinheiro. Contra Baiano, a de formação de quadrilha.
OUTRO LADO
O advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, nega as acusações e diz que a denúncia é “totalmente inepta”. Segundo ele, o ex-diretor não era proprietário de nenhuma das empresas citadas pelos procuradores. “Isso não existe, é uma criação mental do Ministério Público Federal”, afirmou à Folha.
Ribeiro ainda questiona a acusação de formação de quadrilha, imputada nesta denúncia a apenas duas pessoas – Cerveró e Baiano. O Código Penal estabelece que quadrilha é uma formação com três ou mais pessoas. “Não tem cabimento. É um novo tipo penal.”
O defensor confirma que Cerveró morou no apartamento alugado, mas diz que deixou o local assim que foi demitido da BR Distribuidora, em março do ano passado.
A Folha não conseguiu contato com as defesas de Baiano e de Algorta.
25 de fevereiro de 2015
Estelita Hass Carazzai
Folha
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