"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

PENAS DOS ENVOLVIDOS SERÃO MAIS RIGOROSAS DO QUE NO MENSALÃO

          

Juiz Moro já tem provas suficientes

Não foi à toa que a Petrobras ocupou boa parte do discurso de posse da presidente Dilma Rousseff. É preciso construir uma narrativa oficial para manter o Palácio do Planalto à distância segura da Operação Lava-Jato. A saída adotada foi defender a empresa “de predadores internos e de seus inimigos externos”.

“Devemos saber apurar sem enfraquecer a Petrobras”, disse Dilma, que opera numa faixa muito estreita para não jogar a responsabilidade política sobre o que aconteceu no colo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi o que já fez com o ex-presidente da estatal José Roberto Gabrielli, no caso da compra superfaturada da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA).

Como diria o falecido Mané Garrincha, é preciso combinar com os beques para que a estratégia dê certo. Delegados da Polícia Federal e procuradores do Ministério Público Federal já têm provas suficientes para permitir ao juiz federal Sérgio Moro, que examina as denúncias, condenações muito mais duras do que a da ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabelo, sentenciada a 16 anos e 8 meses de prisão.

UM GRANDE ICEBERG

Esse é o ponto fraco da estratégia de Dilma. O mensalão, descoberto a partir da CPI dos Correios, era apenas a ponta de um grande iceberg de financiamento ilegal dos partidos da base do governo. A diferença é que já não há petistas com disposição para “matar no peito” as acusações, estoicamente, como fizeram o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, e o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, todos condenados pelo STF na Ação Penal 470.

Os supostos operadores do esquema de corrupção dentro da Petrobras, como Paulo Roberto Costa e Renato Duque; e fora da empresa, como o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Sete Brasil Pedro Barusco, não têm os mesmos compromissos e lealdades políticas. Dos quatro, apenas Duque não aderiu à delação premiada.

Está solto, em razão de um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavaski, relator do processo, mas a delação premiada de Barusco — ex-subordinado de Costa na Petrobras, que topou devolver quase 100 milhões de dólares de propinas — pode mudar completamente a situação e criar mais dores de cabeça para o Palácio do Planalto.

INIMIGOS EXTERNOS

E os inimigos externos? Não são as Sete Irmãs e os países árabes, porque essa concorrência é do jogo, não importa a retórica nacionalista da presidente Dilma e do PT. Nem os investidores e fundos de pensão que estão processando a Petrobras e exigem indenizações pela má gestão da empresa. São as investigações em curso nos Estados Unidos, na Holanda e na Suíça que podem levar às contas dos envolvidos no exterior e fechar o cerco aos caciques políticos envolvidos no escândalo.

(artigo enviado por Celso Serra)

7 de janeiro de 2015
Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

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