Jihadistas são mais nocivos ao Islã do que caricaturas, afirma líder do Hezbollah
Chefe do Hezbollah xiita libanês, Hassan Nasrallah disse nesta sexta-feira (9) que os jihadistas que realizam atentados são mais nocivos para o Islã do que as obras que fazem piada com Maomé, sem se referir, no entanto, ao ataque contra ao jornal satírico Charlie Hebdo, em Paris.“Neste momento, é mais do que nunca necessário falar do profeta devido à conduta de alguns grupos terroristas que reivindicam defender o Islã”, afirmou Nasrallah, cujo partido xiita combate os movimentos jihadistas sunitas na Síria, ao lado do ditado de Bashar al-Assad.
“Através de seus atos imundos, violentos e desumanos, estes grupos atentaram contra o profeta e os muçulmanos mais do que fizeram seus inimigos (…) mais que os livros, os filmes e as caricaturas que injuriaram o profeta”, acrescentou o chefe do Hezbollah, em seu costumeiro discurso televisivo semanal.
“Os piores atos são os que prejudicaram o profeta em sua história”, prosseguiu Nasrallah. Ele referia-se, sobretudo, ao famoso romance de Salman Rushdie, “Os Versos Satânicos”, pelo qual o autor foi alvo de uma “fatwa” (pronunciamento legal de um especialista em lei religiosa, sobre um assunto específico) emitida pelo aiatolá Khomeini em 1989; ao vídeo anti-Islã “A inocência dos muçulmanos”, que provocou violentas manifestações no mundo muçulmano em 2012; e às caricaturas de Maomé publicadas em um jornal dinamarquês em 2005 e republicadas pela revista Charlie Hebdo.
Nasrallah não mencionou ou condenou o ataque contra ao jornal Charlie Hebdo que deixou doze mortos na última quarta-feira (7), em Paris. Durante a crise das caricaturas do jornal dinamarquês, o Hezbollah, como muitos partidos islâmicos, condenou os desenhos e convocou manifestações.
Nasrallah se referiu, no entanto, à França ao afirmar que após as atrocidades cometidas pelos jihadistas em Síria, Iraque, Líbano, Paquistão, Afeganistão e Iêmen, “o flagelo alcançou agora os Estados que exportaram (estes extremistas) para nossos países”.
Muitos membros de grupos jihadistas na Síria e no Iraque são ocidentais, entre eles franceses, americanos e britânicos.
Apoiado por Teerã, o Hezbollah xiita, que se tornou conhecido por seus sequestros de ocidentais nos anos 1980 no Líbano, está em guerra contra os rebeldes e jihadistas na Síria, alegando que defende o Líbano contra o extremismo. (Com AFP)
10 de janeiro de 2015
ucho.info
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