Dilma ganhou as eleições para realizar o desígnio dos pobres, que sustenta com o programa social. Ganhou para manter o programa do PT, que sugere um socialismo de estado, desenvolvimentista. Ganhou, para governar, e sabe que isso, no Brasil, implica em composição, a qualquer preço, para garantir a maioria no Congresso.
A composição do novo governo de Dilma Rousseff, pela escolha de seus primeiros ministros, sugere que Dilma pretende governar, com um esquema de composição, mas com um esquema que é seu, nem dos pobres, nem do PT.
Os candidatos de Lula ao Ministério foram descartados, e isso, quando Lula já aparece como candidato preferencial do PT às eleições de 2018. A política social, a qualquer preço, com índices econômicos fabricados no Planalto, também foi adiada com a escolha de Levy, um economista conservador, com obsessão de ajuste fiscal e controle de inflação.
Só a substituição de uma composição ministerial partidária, por uma composição de técnicos de alto nome, não foi realizada, pois Dilma precisa do apoio do Congresso, apoio fragilizado, apesar da composição.
UM GOVERNO SÓ DELA
Isso não fará de seu governo um governo fácil, mas fará de seu governo um governo seu. Presidenta ou presidente, quer dizer que Dilma está efetivamente assumindo o poder, para o bem ou para o mal.
Alguns adeptos do PT, ou comentaristas do partido de alto nível, acreditam que isso vai ser um desastre, pois é impossível governar com o PT sem governar com o grande chefe, que ainda é o Lula.
Alguns nacional-desenvolvimentistas, acreditam que isso é renunciar à hipótese de navegar contra a maré neoliberal que tomou conta do mundo e, no Brasil, se apoia na grande imprensa burguesa, que faria mais estragos do que toda a oposição reunida nos parlamentos e na Avenida Paulista.
Alguns partidários ou não partidários, mais otimistas, acreditam que uma boa equipe econômica, uma reforma política gradual e alguma melhoria na conjuntura internacional poderá levar o governo Dilma a uma estabilização necessária à recauchutagem do país em dois anos.
MEIAS SOLUÇÕES
Da minha parte não acredito em meias soluções. Não há meio combate à corrupção, nem meio combate à inflação. São categorias políticas e econômicas, abrangentes, quase absolutas. O congresso brasileiro é sempre pior do que o anterior.
A crise internacional, incluindo a do Petróleo, não mostra sinais de recuperação, ressalvada a posição dos Estados Unidos o que não melhora em nada a situação do Brasil.
As manifestações positivas da rua virão, mas infectadas pelo petismo descontente e pelos oportunistas, mascarados ou não. Os sacrifícios a serem testados pela nova equipe econômica não condizem com a índole impaciente do brasileiro, nem com a situação real dos menos afortunados.
Quero dizer que a divisão do Brasil, saudável, em outras circunstâncias, não indica vetores capazes de conduzir o país numa direção construtiva, com ética, sacrifícios, mas com esperança.
Estamos jogando com a sorte, mas a sorte não remove montanhas.
Jorge da Cunha Lima
Yahoo
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