O arquivo da Polícia Federal com a lista de futuros presos da Lava Jato na sexta-feira trazia um nome revelador: “O Juízo Final”.
A alcunha, que dá nome à sétima fase da operação, dá a dimensão não só da ação que levou para a cadeia alguns dos mais influentes executivos do país como indica o tamanho da reação que a PF e o juiz do caso deverão sofrer nos próximos dias.
A aposta é de uma investida externa pesada para tentar desqualificar as investigações. “Estamos tirando o leite das criancinhas”, ironizou um policial.
A referência religiosa também está na epígrafe dos mandados, tirada do Eclesiastes da Bíblia:
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há um tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou.”
Ao atacar empreiteiras, a PF acredita ter atingido em cheio o coração do financiamento de campanhas no Brasil. O desafio, agora, é preservar os trabalhos feitos. Uma saída é pulverizar a Lava Jato em investigações filhotes, mas isso não está decidido.
O PIOR ESTÁ POR VIR
“A maior pressão deve ser sentida pela cúpula da Polícia Federal”, avaliou Marcos Leôncio Ribeiro, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal, para quem o pior ainda está por vir.
No Paraná, onde a ação da polícia é conduzida, a ordem é agilizar os depoimentos de quem foi capturado e concluí-los durante o fim de semana.
Policiais envolvidos no caso mencionaram com preocupação a sindicância aberta pelo Ministério da Justiça contra delegados do caso que haviam criticado o PT e declarado apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB).
Ao longo da sexta, à medida em que eram atualizadas on-line as listas de presos, o mundo político acompanhava apreensivo a operação.
Um deputado do PMDB sintetizava o clima ao dizer que o “universo estava derretendo”. O medo de grampo fez parlamentares e autoridades do Executivo deixar celulares de lado durante o dia.
15 de novembro de 2014, DIA DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Natuza Nery
Gabriel Mascarenhas
Folha
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