Desde o Mensalão que a cunhada do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, Marice Corrêa Lima, era parte ativa do esquema de corrupção do partido. Hoje, finalmente, ela foi levada à PF para prestar esclarecimento. Tomara que no Petrolão ela pague pelos seus crimes no Mensalão.
Recordar é prender!
Em 7 de dezembro de 2005, quando o Mensalão estava sendo investigado, a Folha de São Paulo publicou a seguinte matéria:
Apontada como a portadora de R$ 1 milhão do PT à Coteminas (Companhia de Tecido Norte de Minas), a coordenadora administrativa do partido, Marice Corrêa Lima, confirmou a petistas ter levado o dinheiro à empresa em maio deste ano. Ela também assinou um recibo em que consta o valor entregue. Mas, pelo fato de os recursos não estarem contabilizados -e para não admitir uma ilegalidade-, o PT continuava ontem agindo como se a operação não tivesse existido.
"Não tem como [o PT] assumir esse pagamento. Claro que não. Como a instituição vai assumir algo que não houve?", disse o atual tesoureiro do partido, Paulo Ferreira. A declaração foi dada antes da divulgação da nota do antecessor de Ferreira no cargo, Delúbio Soares, na qual o pagamento foi justificado com recursos que tiveram origem "nos empréstimos feitos por Marcos Valério".
Já o presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, disse ontem que não tem como "provar que não ocorreu" o pagamento de R$ 1 milhão. "O Josué [Gomes, filho de Alencar] diz que ocorreu. O Delúbio [Soares, ex-tesoureiro] diz que ocorreu. Se ambos dizem que ocorreu, quem sou eu para dizer que não ocorreu?"
Sobre a participação da coordenadora administrativa no episódio, Paulo Ferreira disse que ela "cumpriu ordens, nem sabia o que estava levando". "Pode não ter sabido, entendeu?", corrigiu-se. "O responsável era o dirigente", disse, numa alusão a Delúbio.
A coordenadora Marice aparece como signatária de um recibo emitido pela Coteminas, no valor de R$ 1 milhão. O documento, de 17 de maio de 2005, atesta o "pagamento parcial referente a fornecimento de camisetas para o Partido dos Trabalhadores". No papel consta um "de acordo", acompanhado da assinatura da funcionária petista.
Empresa do vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, a Coteminas afirmou que o pagamento é referente a uma parcela de uma dívida de R$ 11,031 milhões -atualizados em R$ 12.279.036,31-, relativa ao fornecimento de camisetas na campanha eleitoral de 2004. Documentos da Coteminas mostram que Josué Gomes trocou correspondência com três presidentes do PT para cobrar a dívida: José Genoino, Tarso Genro e Ricardo Berzoini.
Tarso chegou a apresentar uma proposta de pagamento em 48 meses. Em resposta por escrito, Gomes alegou que, "em função da perversa combinação das políticas monetária e cambial", não poderia aceitar o acordo. Ele propôs pagamento em 12 meses.
No dia 11 de outubro, Tarso reiterou a proposta de parcelamento em 48 meses. No dia 25 de outubro, Josué Gomes endereçou nova carta ao atual presidente, Ricardo Berzoini. Nem Tarso nem Genoino quiseram falar sobre a negociação.
Procurada pela Folha, Marice disse que não tem autorização para falar sobre o assunto. "Se ele [Ferreira] me autorizar, eu falo. Agora, eu não tenho autorização nem autoridade para fazer isso."
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