Marta Suplicy só tem espaço político através do PT
Reportagem de Valdo Cruz e Natuza Nery, Folha de São Paulo, edição de 12, focaliza o episódio da carta de demissão da agora senadora Marta Suplicy, com a qual deixou a pasta da Cultura dirigindo críticas diretas à política econômica adotada pela presidente Dilma Rousseff.
Surpreende a forma que adotou para sair do governo, quando na campanha eleitoral, como destacam Valdo e Natuza, numa recente carreata no centro de São Paulo, ela, ainda ministra, disputou um lugar no caminhão em que Dilma se encontrava. Isso de um lado.
De outro, sua condenação à política econômica do governo foi formalizada tarde demais. No crepúsculo do governo que se encerra, certamente ao saber que não permaneceria no que vai se iniciar em janeiro. Fica registrada, entretanto, sua atitude ao aderir ao movimento “Volta, Lula”, dentro do PT, como prova de insatisfação pelo menos eleitoral em relação ao futuro de Dilma nas urnas deste ano.
Porém, se na trajetória da senadora Marta Suplicy fica assinalado esse outro episódio, deve-se destacar que o movimento “Volta, Lula” foi desautorizado diretamente pelo ex-presidente que, além disso, empenhou-se a fundo em favor da candidata à reeleição que ele lançara na sua própria sucessão, em 2010.
Assim, se o “Volta, Lula” não encontrou eco junto ao próprio Luiz Inácio da Silva, claro que não ficaram bem na fotografia os responsáveis por seu lançamento e por seus apoiadores, que tiveram de seguir o roteiro de Lula e votaram na candidata do PT. Não possuíam outro caminho. Não tiveram outra escolha. Mas a vitoriosa, claro, não ficou satisfeita com os atores e autores da iniciativa frustrada.
REPERCUSSÃO
Passando a outro ponto abordado na reportagem da FSP, o de que Marta Suplicy pretendeu obter – e obteve – um destaque à sua saída da Cultura para preparar condições básicas para uma eventual candidatura à Prefeitura de São Paulo, é provável, mas não é factível. Em primeiro lugar porque as eleições municipais ocorrem daqui a dois anos.
Em segundo lugar porque o prefeito Fernando Hadad, podendo reeleger-se, é o candidato natural do partido e inclusive conta com o apoio de Lula, Nesta perspectiva, ressaltam os repórteres, Marta Suplicy poderá deixar o Partido dos Trabalhadores e concorrer por outra legenda.
Impossível, na prática. Com isso, ela perderia os votos do PT sem agregar quaisquer outros, como acontece sempre com os que trocam de legenda e disputam cargos executivos por outros partidos.
Nessa hipótese ela poderia encontrar outra agremiação, mas cuja sigla não lhe acrescentaria votação expressiva alguma. Pelo contrário.
Agregaria para seus candidatos à Câmara Municipal a imagem da ex-prefeita da cidade, ex-ministra e atual senadora, com mandato até 2018, sem retribuir para uma campanha na qual emergiria tanto sem o apoio de Lula e, muito menos, o da presidente Dilma Rousseff. Mas esta questão fica para daqui a dois anos.
Agora, sem dúvida, Marta Suplicy alcançou o que desejava: uma repercussão forte na imprensa. Bem maior, inclusive, o que surpreende, do que a repercussão obtida pela entrevista do ministro Gilberto Carvalho.
15 de novembro de 2014, DIA DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Pedro do Coutto
Reportagem de Valdo Cruz e Natuza Nery, Folha de São Paulo, edição de 12, focaliza o episódio da carta de demissão da agora senadora Marta Suplicy, com a qual deixou a pasta da Cultura dirigindo críticas diretas à política econômica adotada pela presidente Dilma Rousseff.
Surpreende a forma que adotou para sair do governo, quando na campanha eleitoral, como destacam Valdo e Natuza, numa recente carreata no centro de São Paulo, ela, ainda ministra, disputou um lugar no caminhão em que Dilma se encontrava. Isso de um lado.
De outro, sua condenação à política econômica do governo foi formalizada tarde demais. No crepúsculo do governo que se encerra, certamente ao saber que não permaneceria no que vai se iniciar em janeiro. Fica registrada, entretanto, sua atitude ao aderir ao movimento “Volta, Lula”, dentro do PT, como prova de insatisfação pelo menos eleitoral em relação ao futuro de Dilma nas urnas deste ano.
Porém, se na trajetória da senadora Marta Suplicy fica assinalado esse outro episódio, deve-se destacar que o movimento “Volta, Lula” foi desautorizado diretamente pelo ex-presidente que, além disso, empenhou-se a fundo em favor da candidata à reeleição que ele lançara na sua própria sucessão, em 2010.
Assim, se o “Volta, Lula” não encontrou eco junto ao próprio Luiz Inácio da Silva, claro que não ficaram bem na fotografia os responsáveis por seu lançamento e por seus apoiadores, que tiveram de seguir o roteiro de Lula e votaram na candidata do PT. Não possuíam outro caminho. Não tiveram outra escolha. Mas a vitoriosa, claro, não ficou satisfeita com os atores e autores da iniciativa frustrada.
REPERCUSSÃO
Passando a outro ponto abordado na reportagem da FSP, o de que Marta Suplicy pretendeu obter – e obteve – um destaque à sua saída da Cultura para preparar condições básicas para uma eventual candidatura à Prefeitura de São Paulo, é provável, mas não é factível. Em primeiro lugar porque as eleições municipais ocorrem daqui a dois anos.
Em segundo lugar porque o prefeito Fernando Hadad, podendo reeleger-se, é o candidato natural do partido e inclusive conta com o apoio de Lula, Nesta perspectiva, ressaltam os repórteres, Marta Suplicy poderá deixar o Partido dos Trabalhadores e concorrer por outra legenda.
Impossível, na prática. Com isso, ela perderia os votos do PT sem agregar quaisquer outros, como acontece sempre com os que trocam de legenda e disputam cargos executivos por outros partidos.
Nessa hipótese ela poderia encontrar outra agremiação, mas cuja sigla não lhe acrescentaria votação expressiva alguma. Pelo contrário.
Agregaria para seus candidatos à Câmara Municipal a imagem da ex-prefeita da cidade, ex-ministra e atual senadora, com mandato até 2018, sem retribuir para uma campanha na qual emergiria tanto sem o apoio de Lula e, muito menos, o da presidente Dilma Rousseff. Mas esta questão fica para daqui a dois anos.
Agora, sem dúvida, Marta Suplicy alcançou o que desejava: uma repercussão forte na imprensa. Bem maior, inclusive, o que surpreende, do que a repercussão obtida pela entrevista do ministro Gilberto Carvalho.
15 de novembro de 2014, DIA DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA
Pedro do Coutto
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