"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 11 de outubro de 2014

RITMO LENTO

FMI reduz projeção de crescimento da economia brasileira, que deverá ficar muito aquém do avanço no restante do mundo

O Fundo Monetário Internacional reduziu, pela sexta vez seguida, sua projeção sobre o crescimento da economia brasileira neste ano. A alta esperada do PIB caiu de 1,3% para 0,3% --nada, portanto.

A expansão global também sofreu revisão, mas foi discreto o corte na estimativa: passou de 3,4% para 3,3%. Entre os principais países, apenas Itália e Rússia devem avançar menos que o Brasil.

Com o novo prognóstico, o FMI se alinha ao que calculam analistas brasileiros. O relatório Focus, que reúne informações de dezenas de instituições e é divulgado pelo Banco Central, mostra o mesmo cenário de estagnação econômica com inflação alta e persistente.

Mesmo com essa convergência, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, insiste em classificar tais projeções como pessimistas e atribuir a fatores externos a maior parcela de culpa pelos problemas nacionais.

O argumento não se sustenta. Confirmados os números, o Brasil terá crescido 1,6% nos últimos quatro anos, enquanto a média mundial será de 3,5% (e 5,1% no caso dos emergentes). Estamos muito aquém do ritmo dos demais países, e não há otimismo capaz de superar tamanha diferença.

Verdade que, como diz o FMI, a recuperação global é desigual e concentrada nos Estados Unidos e em partes da Ásia. Mas o fato de o Brasil figurar de novo entre os piores do mundo atesta que há algo de particular por aqui.

O roteiro é conhecido. O governo demorou para perceber que as condições internacionais tinham se tornado mais adversas ao país. Os preços das exportações de matérias-primas caem desde 2011.

Trata-se de reversão do padrão vigente nos dois mandatos de Lula, quando as receitas brasileiras aumentaram com vendas externas, que puderam ser canalizadas para a expansão do consumo local.

O Brasil lidou mal com a mudança. A insistência num modelo que privilegia o consumo, desequilibra as contas públicas com subsídios de eficácia duvidosa e fecha ainda mais a economia para a competição internacional não deu resultados. Ao contrário, trouxe mais problemas, pois fez estagnar a produtividade e elevou os custos.

Como agravante, as intervenções aventureiras e desastradas em vários setores provocaram um colapso da confiança de empresários e consumidores, retardando o investimento, que é hoje menor (em relação ao PIB) do que no início do mandato de Dilma Rousseff (PT).

Quem quer que seja presidente pelos próximos quatro anos precisará tirar o país dessa situação, ou logo a geração de emprego e renda estará comprometida.
 
11 de outubro de 2014
Editorial Folha de SP`

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