"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 24 de agosto de 2014

SONHÁTICOS E PESADELÁTICOS

Só falta o sotaque pernambucano para ser o militante exaltado de Marcelo Adnet no ‘Tá no ar’, mas é o manifesto do Partido Socialista Brasileiro

Estatização progressiva do sistema bancário, do crédito, do comércio exterior, da agricultura, da educação, da saúde, das fontes e empresas de energia, de transportes e de indústrias extrativistas, eliminação de todos os impostos indiretos e aumento dos diretos sobre renda, capital e herança até que estejam satisfeitas as necessidades da sociedade.

Só falta o sotaque pernambucano para ser o militante exaltado de Marcelo Adnet no “Tá no ar”, mas é o manifesto do Partido Socialista Brasileiro, seu programa politico, seu projeto de país. No paraíso socialista tropical, governo, partidos e sindicatos, sempre em nome do povo, escolherão a dedo todos os burocratas que ocuparão todos os empregos, diretorias e presidências das empresas que farão do Brasil um país “justo e solidário”, seja lá o que isso for.

Nenhuma palavra sobre mérito, produtividade, eficiência, hierarquia e outras canalhices da direita.

Parece piada pronta, mas o lema do partido é o paradoxal “socialismo e liberdade”: você pode estudar e trabalhar onde quiser, desde que indicado pelo partido ou pelo sindicato, fazer o que quiser, desde que obedeça ao Estado, que sabe o que é melhor para você e para a sociedade.

Além de cômico, é tão constrangedor que, há dois meses, Eduardo Campos, que na sua proposta de governo valorizava o mérito, a produtividade e a liberdade individual e econômica, cobrou a urgente atualização do programa do PSB. Imaginem os do PCB, do PCdoB, do PT …rsrs… e ainda chamam Marina Silva de sonhática.

Se nem as lideranças e os militantes profissionais levam a sério, então para que servem esses programas e manifestos, a não ser para rir e pensar que eles acham que todo mundo é burro e que vivemos em Marte? Depois fingem que não sabem por que os jovens, e com mais razões os mais vividos, têm tanto desprezo pelos partidos.

Mas o que fazer, diria Lênin, além de não assistir ao circo de horrores do horário eleitoral, não ler os comentários nos blogs políticos e não ver o “Jornal Nacional”?

OK, não vamos desistir do Brasil, mesmo porque não há outra alternativa além do tiro no pé, nos quatro.

 
24 de agosto de 2014
Nelson Motta, O Globo

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