Álvaro Lins começou sua carreira na Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e, no governo de Marcello Alencar, quando ainda major, esteve envolvido em denúncias de ligação com o jogo do bicho, durante a chamada “Operação Mãos Limpas Tupiniquim”, promovida pelo Ministério Público estadual, em 1994. Mais tarde, fez concurso para a polícia civil. Foi aprovado com uma boa colocação nas provas intelectuais, mas foi reprovado na fase de investigação social, realizada na Academia de Polícia em 1996, por não ter sido considerado com uma boa vida pregressa, justamente porque tramitava ainda o processo contra ele. Recorrendo ao Poder Judiciário, obteve medida liminar que determinou a sua nomeação para o cargo inicial da carreira de delegado de polícia.
Pois é, é claro que, se eleito, Garotinho ainda em liberdade, apesar de também estar condenado a mais de dois anos de cana, vai arrumar a vida de Álvaro, quem sabe até nomeando-o de novo para a chefia da polícia? E que se danem condenações e escrúpulos! Até porque há uma certa ligação afetuosa entre Álvaro e membros da família Garotinho que não ficou bem explicada anos atrás. Tudo boa gente...
Não havia perfil mais perfeito e nem currículo mais completo que o de Álvaro na seleção de nomes indicados para a chefia da polícia civil em 1999 - claro que estou me referindo aos parâmetros de um governo de Garotinho -, e assim ele foi feito chefe até 2006, quando terminou o governo de Rosinha, mulher de Garotinho, e foi candidato a deputado estadual em 2006, sendo eleito com cerca de 108.000 votos, mesmo após denúncias de compra de votos.
Em 2008 foi preso em flagrante pela polícia federal, acusado de crime continuado pois, segundo esta, teria recebido suborno do crime organizado e, com este dinheiro, comprou um apartamento onde vivia. Um dia depois, a ALERJ, após consulta a seus membros, revogou a sua prisão - como se fosse um caso de política e não de polícia -, em uma afronta ao Judiciário.
Ainda em 2008, a mesma ALERJ, decidiu, em votação secreta do plenário, pelo seu afastamento definitivo da Casa Legislativa, por quebra do decoro parlamentar.
Ainda pendem contra o ex-deputado processos criminais. Um processo administrativo disciplinar na Comissão de Inquérito Administrativo da Polícia Civil, resultou na sua demissão “a bem do serviço público” do cargo de Delegado de Polícia, em 11 de março de 2009. Ficou recolhido ao presídio de segurança máxima Bangu 8, em RDD - Regime Disciplinar Diferenciado, aguardando a decisão nos processos criminais a que responde.7 Em 27 de maio 2009 conseguiu liberdade provisória, passando a responder em liberdade. Ou seja, um condenado a 28 anos de prisão por ter chefiado uma quadrilha enquanto esteve à frente da Polícia Civil, passou dois meses na cadeia e só!
Não satisfeito apenas com a liberdade, o bandido agora resolveu soltar o verbo em defesa da candidatura de Garotinho à sucessão estadual. Numa gravação divulgada a centenas de policiais civis da ativa por meio do aplicativo de mensagens por celular WhatsApp, Lins conclama a categoria a pedir votos para garantir a vitória do ex-governador no primeiro turno e, por consequência, a reintegração de seu grupo aos quadros da corporação.
O áudio foi divulgado pelo ex-inspetor Fábio Leão, o Fabinho, também ligado à quadrilha e expulso da Polícia Civil após ter sido condenado a 18 anos de prisão. Integrante do “grupo dos inhos” - como eram conhecidos os aliados do então chefe da Polícia Civil devido aos apelidos no diminutivo -, Fabinho postou a gravação no último dia 15, logo após a divulgação de uma pesquisa de intenção de votos. Escutem:
Pois é, é claro que, se eleito, Garotinho ainda em liberdade, apesar de também estar condenado a mais de dois anos de cana, vai arrumar a vida de Álvaro, quem sabe até nomeando-o de novo para a chefia da polícia? E que se danem condenações e escrúpulos! Até porque há uma certa ligação afetuosa entre Álvaro e membros da família Garotinho que não ficou bem explicada anos atrás. Tudo boa gente...
23 de agosto de 2014
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