Quando o Banco Central divulgou que o IBC-Br, índice no qual ele antecipa a tendência do PIB, mostrou queda de 1,5% em junho e um número negativo no trimestre, de 1,2%, uma das perguntas que surgiram foi se o país está em recessão. A resposta é simples: ainda não se pode dizer isso. A outra pergunta tem resposta mais complicada: o que fazer para retomar o crescimento?
O dado de ontem foi a quinta retração mensal consecutiva do IBC-Br. Em bases trimestrais, houve queda no quarto trimestre do ano passado, estagnação no primeiro deste ano, e nova queda agora no segundo. Tecnicamente, dois trimestres consecutivos de número negativo é recessão. Mas o índice do Banco Central é apenas um composto de números que mostra a tendência. O PIB do segundo trimestre será divulgado pelo IBGE no dia 29 de agosto. Ele, muito provavelmente, será de queda. Se o PIB do primeiro trimestre, ao ser revisto como normalmente acontece, sair do 0,2% de alta para o terreno negativo, pode-se dizer então que o país está em recessão, palavra que ninguém quer ouvir.
Mas isso será apenas uma formalidade, porque o país não está crescendo. Os números estão muito ruins, e o IBC-Br mostrou isso. Tudo esteve em queda neste mês de junho, e o trimestre foi de fato muito fraco. Não foi apenas a Copa, mesmo quando se separa o efeito dos dias parados dos jogos o resultado mostra um país em forte desaquecimento. Para piorar, há ainda a inflação no limite máximo da tolerância, o que impede um corte forte nos juros que facilite uma retomada.
O economista Armando Castelar, do Ibre/FGV, acredita que o primeiro passo para voltar a crescer é recuperar a confiança. Seria preciso um choque de credibilidade na política econômica, para inverter a crise de confiança que está paralisando investimentos:
- Para que o ajuste tenha o menor impacto possível na vida das pessoas, é preciso que haja confiança na política econômica. Isso facilitaria o trabalho do Banco Central de combater a inflação e destravaria os investimentos.
Essa mudança de clima pode acontecer durante a campanha ou ao fim do processo eleitoral, se a pessoa eleita souber apresentar propostas de solução que convençam os investidores. Essa virada de humor pode acontecer mesmo no cenário de a presidente Dilma ser reeleita, mas o governo teria que sair do estado de negação dos problemas, abandonar o receituário de sempre e apresentar algo novo e realmente mobilizador.
A economista Silvia Matos, também do Ibre, estima uma retração do PIB de 0,4% no segundo trimestre. A mesma taxa que é projetada pelo Itaú. O Banco ABC Brasil estima uma queda de 0,3%, e a LCA consultoria prevê menos 0,1%.
Mesmo que o número surpreenda e seja positivo, ainda assim não melhora muito. Tudo que acontece é fugir do estigma da palavra recessão. Mas não se escapa da realidade que as pessoas sentem e os números têm contado. Esta semana, por exemplo, saiu a queda de 0,7% nas vendas do comércio, em junho. No varejo ampliado, que inclui automóveis e materiais de construção, foi a segunda retração seguida.
O presidente do Banco Central disse na semana passada no Senado que o país está longe da estagflação, palavra também indesejada. A inflação zero de julho pareceu dar razão a ele. O problema é que no ano a taxa está nesse fura-não-fura o teto da meta. E o crescimento está bate-não-bate no piso. Mesmo que as palavras indesejadas saiam do dicionário, o governo precisa reconhecer que a economia está com problemas. Do contrário, não conseguirá encontrar o remédio certo.
O dado de ontem foi a quinta retração mensal consecutiva do IBC-Br. Em bases trimestrais, houve queda no quarto trimestre do ano passado, estagnação no primeiro deste ano, e nova queda agora no segundo. Tecnicamente, dois trimestres consecutivos de número negativo é recessão. Mas o índice do Banco Central é apenas um composto de números que mostra a tendência. O PIB do segundo trimestre será divulgado pelo IBGE no dia 29 de agosto. Ele, muito provavelmente, será de queda. Se o PIB do primeiro trimestre, ao ser revisto como normalmente acontece, sair do 0,2% de alta para o terreno negativo, pode-se dizer então que o país está em recessão, palavra que ninguém quer ouvir.
Mas isso será apenas uma formalidade, porque o país não está crescendo. Os números estão muito ruins, e o IBC-Br mostrou isso. Tudo esteve em queda neste mês de junho, e o trimestre foi de fato muito fraco. Não foi apenas a Copa, mesmo quando se separa o efeito dos dias parados dos jogos o resultado mostra um país em forte desaquecimento. Para piorar, há ainda a inflação no limite máximo da tolerância, o que impede um corte forte nos juros que facilite uma retomada.
O economista Armando Castelar, do Ibre/FGV, acredita que o primeiro passo para voltar a crescer é recuperar a confiança. Seria preciso um choque de credibilidade na política econômica, para inverter a crise de confiança que está paralisando investimentos:
- Para que o ajuste tenha o menor impacto possível na vida das pessoas, é preciso que haja confiança na política econômica. Isso facilitaria o trabalho do Banco Central de combater a inflação e destravaria os investimentos.
Essa mudança de clima pode acontecer durante a campanha ou ao fim do processo eleitoral, se a pessoa eleita souber apresentar propostas de solução que convençam os investidores. Essa virada de humor pode acontecer mesmo no cenário de a presidente Dilma ser reeleita, mas o governo teria que sair do estado de negação dos problemas, abandonar o receituário de sempre e apresentar algo novo e realmente mobilizador.
A economista Silvia Matos, também do Ibre, estima uma retração do PIB de 0,4% no segundo trimestre. A mesma taxa que é projetada pelo Itaú. O Banco ABC Brasil estima uma queda de 0,3%, e a LCA consultoria prevê menos 0,1%.
Mesmo que o número surpreenda e seja positivo, ainda assim não melhora muito. Tudo que acontece é fugir do estigma da palavra recessão. Mas não se escapa da realidade que as pessoas sentem e os números têm contado. Esta semana, por exemplo, saiu a queda de 0,7% nas vendas do comércio, em junho. No varejo ampliado, que inclui automóveis e materiais de construção, foi a segunda retração seguida.
O presidente do Banco Central disse na semana passada no Senado que o país está longe da estagflação, palavra também indesejada. A inflação zero de julho pareceu dar razão a ele. O problema é que no ano a taxa está nesse fura-não-fura o teto da meta. E o crescimento está bate-não-bate no piso. Mesmo que as palavras indesejadas saiam do dicionário, o governo precisa reconhecer que a economia está com problemas. Do contrário, não conseguirá encontrar o remédio certo.
23 de agosto de 2014
Miriam Leitão, O Globo
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