MTST faz a Copa refém, e aproveita a fragilidade da candidatura Dilma e problemas do PT em São Paulo para conseguir alterar o Minha Casa Minha Vida
É de extrema obviedade a coincidência entre movimentos grevistas e reivindicatórios, como o do MTST em São Paulo, e a proximidade da Copa. Afinal, será muito ruim para torcedores, população em geral e imagem do país, se a cidade-sede do jogo de abertura do torneio, amanhã, enfrentar dificuldades devido a passeatas e conflitos nas ruas.
Sindicatos, entre eles o dos metroviários paulistas, e o MTST demonstraram oportunismo ao transformar a Copa em refém na tentativa de conseguir o que desejam.
Os metroviários esbarraram em dois obstáculos: a Justiça do Trabalho concedeu à categoria 8,7% de reajuste, acima da inflação, portanto, assim como cumpriu a lei ao declarar a greve “abusiva”; e o governo de Geraldo Alckmin demitiu dezenas de grevistas depois disso.
A maior vítima de greves no transporte público, como sempre, é a grande massa da população, de renda mais baixa. Com toda razão, por isso, a desembargadora Rilma Hemérito, do Tribunal Regional do Trabalho paulista, fez duras reprimendas em reuniões distintas de conciliação com metroviários e representantes de motoristas e cobradores.
Além da Copa, outros ingredientes no momento atribulado da cidade de São Paulo são a relativa vulnerabilidade da candidatura da presidente Dilma à reeleição e a situação incômoda do pré-candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes, Alexandre Padilha, escolhido por apenas 3% dos eleitores ouvidos em recente pesquisa.
Fica mais fácil, neste quadro, pressionar o PT do Planalto e o do governo do prefeito Fernando Haddad. Se os metroviários ainda ameaçam devido às demissões, as quais desejam reverter em troca de uma quinta-feira sem dificuldades na cidade, os sem-teto do MTST, braço urbano do MST, suspenderam qualquer manifestação para amanhã. E os próximos dias, pois conseguiram importantes vitórias.
A primeira, fazer que com a área invadida ao lado do Itaquerão, onde haverá o jogo Brasil e Croácia, seja incluída no programa Minha Casa Minha Vida. E depois forçaram a própria mudança do programa de habitação, para seu alcance não se limitar a moradores de áreas de risco, além de ampliar o número de unidades a serem construídas e aumentar o limite de renda familiar dos beneficiários de R$ 1.600 para R$ 2.172, a fim de incluir os “sem-teto” paulistanos, a clientela do MTST.
Antigo aliado do Planalto, o MST, agora na versão urbana, é mais uma vez beneficiado. Já no início do primeiro governo Lula, o decreto que impedia desapropriação de terra invadida foi considerado letra morta. Agora, a prefeitura e o Planalto tratam de ajudar o MST urbano em São Paulo, cujo prefeito está mal avaliado pela população. Ficou uma mensagem implícita: se quiser casa, filie-se ao MTST. E, dessa forma, o direito constitucional de propriedade passa a ser ainda mais fragilizado na maior cidade do país.
É de extrema obviedade a coincidência entre movimentos grevistas e reivindicatórios, como o do MTST em São Paulo, e a proximidade da Copa. Afinal, será muito ruim para torcedores, população em geral e imagem do país, se a cidade-sede do jogo de abertura do torneio, amanhã, enfrentar dificuldades devido a passeatas e conflitos nas ruas.
Sindicatos, entre eles o dos metroviários paulistas, e o MTST demonstraram oportunismo ao transformar a Copa em refém na tentativa de conseguir o que desejam.
Os metroviários esbarraram em dois obstáculos: a Justiça do Trabalho concedeu à categoria 8,7% de reajuste, acima da inflação, portanto, assim como cumpriu a lei ao declarar a greve “abusiva”; e o governo de Geraldo Alckmin demitiu dezenas de grevistas depois disso.
A maior vítima de greves no transporte público, como sempre, é a grande massa da população, de renda mais baixa. Com toda razão, por isso, a desembargadora Rilma Hemérito, do Tribunal Regional do Trabalho paulista, fez duras reprimendas em reuniões distintas de conciliação com metroviários e representantes de motoristas e cobradores.
Além da Copa, outros ingredientes no momento atribulado da cidade de São Paulo são a relativa vulnerabilidade da candidatura da presidente Dilma à reeleição e a situação incômoda do pré-candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes, Alexandre Padilha, escolhido por apenas 3% dos eleitores ouvidos em recente pesquisa.
Fica mais fácil, neste quadro, pressionar o PT do Planalto e o do governo do prefeito Fernando Haddad. Se os metroviários ainda ameaçam devido às demissões, as quais desejam reverter em troca de uma quinta-feira sem dificuldades na cidade, os sem-teto do MTST, braço urbano do MST, suspenderam qualquer manifestação para amanhã. E os próximos dias, pois conseguiram importantes vitórias.
A primeira, fazer que com a área invadida ao lado do Itaquerão, onde haverá o jogo Brasil e Croácia, seja incluída no programa Minha Casa Minha Vida. E depois forçaram a própria mudança do programa de habitação, para seu alcance não se limitar a moradores de áreas de risco, além de ampliar o número de unidades a serem construídas e aumentar o limite de renda familiar dos beneficiários de R$ 1.600 para R$ 2.172, a fim de incluir os “sem-teto” paulistanos, a clientela do MTST.
Antigo aliado do Planalto, o MST, agora na versão urbana, é mais uma vez beneficiado. Já no início do primeiro governo Lula, o decreto que impedia desapropriação de terra invadida foi considerado letra morta. Agora, a prefeitura e o Planalto tratam de ajudar o MST urbano em São Paulo, cujo prefeito está mal avaliado pela população. Ficou uma mensagem implícita: se quiser casa, filie-se ao MTST. E, dessa forma, o direito constitucional de propriedade passa a ser ainda mais fragilizado na maior cidade do país.
13 de junho de 2014
Editorial O Globo
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