A realização da Copa do Mundo despertou e desperta todo tipo de questionamento legítimo. Mas sabotar o evento é sabotar o próprio país
Sim, vai ter Copa. Brasil e Croácia iniciam hoje, em São Paulo, um Mundial marcado pelo contraste entre a paixão do brasileiro pelo futebol e a decepção de perceber que a realização do evento não trouxe o que era prometido em 2007, quando o país foi escolhido para sediar a Copa. De fato, há muito com que se frustrar, especialmente com os gastos exorbitantes nos estádios em comparação com os investimentos nos direitos básicos do cidadão. Mas nada disso justifica “sabotar” a Copa do Mundo, como propõem os bandidos black blocs. Os brasileiros conscientes sabem que a hora é de esforço para um evento bem feito.
Como já dissemos em outras ocasiões, há dois grandes motivos que justificam a realização de megaeventos esportivos em países com as características – e as deficiências – do Brasil. O primeiro é o legado urbanístico e de infraestrutura deixado por competições como a Copa e os Jogos Olímpicos, já que é necessário preparar as sedes para o fluxo de espectadores esperado. Nesse quesito, que fez a fama de cidades como Barcelona, sede da Olimpíada de 1992, nossa oportunidade foi desperdiçada. Muito do que foi prometido acabou descartado, e muito do que foi feito apresenta problemas, como todos sabemos.
Mas não é isso que impedirá os estrangeiros e brasileiros de outras cidades de vir a Curitiba assistir às quatro partidas realizadas na Arena da Baixada. E é este o segundo bom motivo para receber a Copa: o fluxo de turistas-torcedores e os recursos que eles trazem para gastar no país e, especialmente, na capital paranaense. Nesse sentido, a bola dentro do poder público (não sem pressão de entidades como a Associação Comercial do Paraná) foi resistir à tentação de decretar feriado em Curitiba nos dias de jogos na capital; assim, quem vier de fora para ver os jogos encontrará não uma cidade-fantasma, mas uma cidade em pleno funcionamento, oferecendo oportunidades de lazer, gastronomia e compras e mostrando um povo trabalhador.
Cabe a nós, paranaenses, proporcionar aos visitantes uma experiência tal que eles deixem Curitiba e o Paraná com desejo de voltar no futuro. O futebol está trazendo pessoas que talvez nunca tivessem considerado a possibilidade de conhecer nosso estado. Que elas se encantem com o que temos a oferecer e, em sua terra natal, divulguem as nossas virtudes e empolguem novos futuros visitantes. E que nós aproveitemos os holofotes para, mais uma vez, reconhecer o que temos de bom e trabalhar para superar nossas deficiências.
Não queremos, com isso, dizer que o curitibano e o brasileiro devam, por 30 dias, suspender completamente o juízo crítico acerca de tudo que rondou a organização da Copa no Brasil. Queremos, sim, dizer que o torcedor não pode ser punido por causa de nossas mazelas. Arruinar a experiência do torcedor que vem de fora, ou do brasileiro fã de futebol que talvez nunca mais tenha a oportunidade de presenciar uma Copa em seu próprio país, pouco ou nada ajudará a resolver os problemas da saúde e da educação que não têm “padrão Fifa”, mas o triste “padrão Brasil”. Por isso, é preciso rejeitar oportunismos como os de São Paulo, onde metroviários desrespeitaram a Justiça, usando a Copa e a possibilidade de dificultar o acesso de torcedores ao estádio para pressionar o governo estadual.
A hora é de maturidade e alegria. Maturidade para saber que, sim, é possível se manifestar, desde que de forma pacífica, sem vandalismo, sem desrespeito à propriedade alheia e aos direitos dos demais, sem prejudicar aqueles que vêm prestigiar o bom futebol. Maturidade de saber que ainda teremos muito a fazer depois da Copa, fiscalizando para evitar que os malfeitos sejam varridos para debaixo do tapete e, especialmente, rejeitando nas urnas, em outubro, aqueles que não ouviram o pedido do povo nas jornadas de junho de 2013. E alegria para fazer da Copa do Mundo no Brasil e em Curitiba uma experiência que seja lembrada com gosto pelos que dela participarem, seja como torcedores nos estádios, seja nas Fan Fests, seja no contato com os visitantes, seja na torcida por sua seleção favorita.
Sim, vai ter Copa. Brasil e Croácia iniciam hoje, em São Paulo, um Mundial marcado pelo contraste entre a paixão do brasileiro pelo futebol e a decepção de perceber que a realização do evento não trouxe o que era prometido em 2007, quando o país foi escolhido para sediar a Copa. De fato, há muito com que se frustrar, especialmente com os gastos exorbitantes nos estádios em comparação com os investimentos nos direitos básicos do cidadão. Mas nada disso justifica “sabotar” a Copa do Mundo, como propõem os bandidos black blocs. Os brasileiros conscientes sabem que a hora é de esforço para um evento bem feito.
Como já dissemos em outras ocasiões, há dois grandes motivos que justificam a realização de megaeventos esportivos em países com as características – e as deficiências – do Brasil. O primeiro é o legado urbanístico e de infraestrutura deixado por competições como a Copa e os Jogos Olímpicos, já que é necessário preparar as sedes para o fluxo de espectadores esperado. Nesse quesito, que fez a fama de cidades como Barcelona, sede da Olimpíada de 1992, nossa oportunidade foi desperdiçada. Muito do que foi prometido acabou descartado, e muito do que foi feito apresenta problemas, como todos sabemos.
Mas não é isso que impedirá os estrangeiros e brasileiros de outras cidades de vir a Curitiba assistir às quatro partidas realizadas na Arena da Baixada. E é este o segundo bom motivo para receber a Copa: o fluxo de turistas-torcedores e os recursos que eles trazem para gastar no país e, especialmente, na capital paranaense. Nesse sentido, a bola dentro do poder público (não sem pressão de entidades como a Associação Comercial do Paraná) foi resistir à tentação de decretar feriado em Curitiba nos dias de jogos na capital; assim, quem vier de fora para ver os jogos encontrará não uma cidade-fantasma, mas uma cidade em pleno funcionamento, oferecendo oportunidades de lazer, gastronomia e compras e mostrando um povo trabalhador.
Cabe a nós, paranaenses, proporcionar aos visitantes uma experiência tal que eles deixem Curitiba e o Paraná com desejo de voltar no futuro. O futebol está trazendo pessoas que talvez nunca tivessem considerado a possibilidade de conhecer nosso estado. Que elas se encantem com o que temos a oferecer e, em sua terra natal, divulguem as nossas virtudes e empolguem novos futuros visitantes. E que nós aproveitemos os holofotes para, mais uma vez, reconhecer o que temos de bom e trabalhar para superar nossas deficiências.
Não queremos, com isso, dizer que o curitibano e o brasileiro devam, por 30 dias, suspender completamente o juízo crítico acerca de tudo que rondou a organização da Copa no Brasil. Queremos, sim, dizer que o torcedor não pode ser punido por causa de nossas mazelas. Arruinar a experiência do torcedor que vem de fora, ou do brasileiro fã de futebol que talvez nunca mais tenha a oportunidade de presenciar uma Copa em seu próprio país, pouco ou nada ajudará a resolver os problemas da saúde e da educação que não têm “padrão Fifa”, mas o triste “padrão Brasil”. Por isso, é preciso rejeitar oportunismos como os de São Paulo, onde metroviários desrespeitaram a Justiça, usando a Copa e a possibilidade de dificultar o acesso de torcedores ao estádio para pressionar o governo estadual.
A hora é de maturidade e alegria. Maturidade para saber que, sim, é possível se manifestar, desde que de forma pacífica, sem vandalismo, sem desrespeito à propriedade alheia e aos direitos dos demais, sem prejudicar aqueles que vêm prestigiar o bom futebol. Maturidade de saber que ainda teremos muito a fazer depois da Copa, fiscalizando para evitar que os malfeitos sejam varridos para debaixo do tapete e, especialmente, rejeitando nas urnas, em outubro, aqueles que não ouviram o pedido do povo nas jornadas de junho de 2013. E alegria para fazer da Copa do Mundo no Brasil e em Curitiba uma experiência que seja lembrada com gosto pelos que dela participarem, seja como torcedores nos estádios, seja nas Fan Fests, seja no contato com os visitantes, seja na torcida por sua seleção favorita.
13 de junho de 2013
Editorial Gazeta do Povo, PR
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