BRASÍLIA - Divisão de tarefas na campanha do PT à Presidência da República: enquanto Lula e o lulista Gilberto Carvalho veem "ódio" por toda parte, Dilma oferece um pacote de bondades para os grandes empresários, na esperança de que façam uma meia volta e retornem para a candidatura dela.
O discurso de Lula, tão velho quanto sua luta sindical na década de 1970, teve um grande hiato com o "Lulinha paz e amor" --que o levou a subir a rampa do Planalto em 2003 e a descer dela com imensa popularidade, oito anos depois.
Jogando fora o "paz e amor", Lulinha recupera o seu velho personagem e o discurso da vitimização: perseguido pela elite branca, o conservadorismo, a direita, os que querem que o povo brasileiro morra de fome para manter seus privilégios --e com o apoio da imprensa, para ele, o amálgama de tudo isso.
Como se Lula nunca tivesse sido eleito, sustentado politicamente e paparicado pessoalmente por banqueiros, pelo grande empresariado, pelos partidos mais conservadores do país, pelos coronéis da política brasileira e vai por aí afora.
A não ser que Lula considere que o "ódio" e essa perseguição ao pobre migrante nordestino de muitas décadas atrás partem de uma "elite" muito curiosa: os cerca de 70% que clamam por mudanças.
A ponto, aliás, de os dois candidatos lulistas ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, do PMDB, e Alexandre Padilha, do PT, disputarem a tapas o slogan da mudança. Ah, sim, é um slogan dirigido ao governador Alckmin, que tem 44% no Datafolha...
Se Lula e Carvalho destilam o "ódio", Dilma distribui "bondades". Mas tem de correr. Os empresários participam, ou até lideram, o grito de mudanças e se aproximam de Aécio Neves e de Eduardo Campos.
Os dissabores e as perdas da indústria, alegam, estão por trás de um dos maiores problemas brasileiros: o baixo crescimento, ou "pibinho", que penaliza todos, não só "a elite".
O discurso de Lula, tão velho quanto sua luta sindical na década de 1970, teve um grande hiato com o "Lulinha paz e amor" --que o levou a subir a rampa do Planalto em 2003 e a descer dela com imensa popularidade, oito anos depois.
Jogando fora o "paz e amor", Lulinha recupera o seu velho personagem e o discurso da vitimização: perseguido pela elite branca, o conservadorismo, a direita, os que querem que o povo brasileiro morra de fome para manter seus privilégios --e com o apoio da imprensa, para ele, o amálgama de tudo isso.
Como se Lula nunca tivesse sido eleito, sustentado politicamente e paparicado pessoalmente por banqueiros, pelo grande empresariado, pelos partidos mais conservadores do país, pelos coronéis da política brasileira e vai por aí afora.
A não ser que Lula considere que o "ódio" e essa perseguição ao pobre migrante nordestino de muitas décadas atrás partem de uma "elite" muito curiosa: os cerca de 70% que clamam por mudanças.
A ponto, aliás, de os dois candidatos lulistas ao governo de São Paulo, Paulo Skaf, do PMDB, e Alexandre Padilha, do PT, disputarem a tapas o slogan da mudança. Ah, sim, é um slogan dirigido ao governador Alckmin, que tem 44% no Datafolha...
Se Lula e Carvalho destilam o "ódio", Dilma distribui "bondades". Mas tem de correr. Os empresários participam, ou até lideram, o grito de mudanças e se aproximam de Aécio Neves e de Eduardo Campos.
Os dissabores e as perdas da indústria, alegam, estão por trás de um dos maiores problemas brasileiros: o baixo crescimento, ou "pibinho", que penaliza todos, não só "a elite".
19 de junho de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP
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