O caminho da recuperação da economia brasileira passa por uma política que privilegie o investimento privado. Últimas medidas vão na direção certa
O estímulo ao consumo não se mostrou ser a “varinha de condão” que o governo imaginava quando a crise financeira internacional se agravou, a partir de fins de 2008. Esse tipo de incentivo, válido para certas circunstâncias, na verdade não se sustenta ao longo do tempo, se outros fatores que inibem o crescimento econômico não forem também contornados. Deficiências de infraestrutura e restrições a investimentos em áreas promissoras, como o petróleo, por exemplo, deveriam ter merecido mais atenção da política econômica, já naquela ocasião.
Mas como governo Dilma acreditou no passe de mágica, o país acabou sendo empurrado para um patamar de baixo crescimento, com inflação alta, ameaça de perda de controle nas finanças públicas (que vinham sendo ajustadas a duras penas) e desequilíbrio crescente nas contas externas. A indústria não recuperou a competitividade necessária para competir, mesmo depois da desvalorização do real, e o resultado é que parte considerável do aumento de demanda doméstica foi suprida por importações.
Com a queda dos índices de aprovação do governo de Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula cobrou das autoridades econômicas uma reativação dos estímulos ao consumo (sugerindo liberação do crédito, contida pelo elevação das taxas básicas de juros), como se isso fosse possível sem agravar os problemas já enfrentados pela economia do país.
Em qualquer hipótese, o governo Dilma não deveria se deixar seduzir por essa armadilha. A economia tem espaço para crescer se a inflação for atacada seriamente e os investimentos, estimulados, especialmente aqueles que contribuam para a cadeia produtiva se tornar mais eficiente. Com a elevação da produtividade, criam-se as condições para que haja aumentos reais de salários e renda, sem que ocorra uma pressão insuportável sobre os preços.
A insistência em uma política econômica equivocada certamente contribuiu para o clima de desânimo que tomou conta de empresários e consumidores nos últimos meses. Mesmo que não se consiga colher resultados no curtíssimo prazo, esse ambiente tende a se modificar caso o Planalto privilegie os estímulos aos investimentos, na linha das medidas ontem anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Facilidade de crédito para investimento e apoio às exportações são iniciativas que atacam pontos frágeis da economia brasileira. O estímulo tributário (isenção de Imposto de Renda nas negociações dessas ações) para pequenas e médias empresas abrirem capital se insere nessa linha de apoio de apoio ao investimento privado, que antes sofrera muito preconceito ideológico.
O importante é o governo não esperar que medidas tópicas voltarão a animar os investidores, mas persistir neste rumo.
O estímulo ao consumo não se mostrou ser a “varinha de condão” que o governo imaginava quando a crise financeira internacional se agravou, a partir de fins de 2008. Esse tipo de incentivo, válido para certas circunstâncias, na verdade não se sustenta ao longo do tempo, se outros fatores que inibem o crescimento econômico não forem também contornados. Deficiências de infraestrutura e restrições a investimentos em áreas promissoras, como o petróleo, por exemplo, deveriam ter merecido mais atenção da política econômica, já naquela ocasião.
Mas como governo Dilma acreditou no passe de mágica, o país acabou sendo empurrado para um patamar de baixo crescimento, com inflação alta, ameaça de perda de controle nas finanças públicas (que vinham sendo ajustadas a duras penas) e desequilíbrio crescente nas contas externas. A indústria não recuperou a competitividade necessária para competir, mesmo depois da desvalorização do real, e o resultado é que parte considerável do aumento de demanda doméstica foi suprida por importações.
Com a queda dos índices de aprovação do governo de Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula cobrou das autoridades econômicas uma reativação dos estímulos ao consumo (sugerindo liberação do crédito, contida pelo elevação das taxas básicas de juros), como se isso fosse possível sem agravar os problemas já enfrentados pela economia do país.
Em qualquer hipótese, o governo Dilma não deveria se deixar seduzir por essa armadilha. A economia tem espaço para crescer se a inflação for atacada seriamente e os investimentos, estimulados, especialmente aqueles que contribuam para a cadeia produtiva se tornar mais eficiente. Com a elevação da produtividade, criam-se as condições para que haja aumentos reais de salários e renda, sem que ocorra uma pressão insuportável sobre os preços.
A insistência em uma política econômica equivocada certamente contribuiu para o clima de desânimo que tomou conta de empresários e consumidores nos últimos meses. Mesmo que não se consiga colher resultados no curtíssimo prazo, esse ambiente tende a se modificar caso o Planalto privilegie os estímulos aos investimentos, na linha das medidas ontem anunciadas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Facilidade de crédito para investimento e apoio às exportações são iniciativas que atacam pontos frágeis da economia brasileira. O estímulo tributário (isenção de Imposto de Renda nas negociações dessas ações) para pequenas e médias empresas abrirem capital se insere nessa linha de apoio de apoio ao investimento privado, que antes sofrera muito preconceito ideológico.
O importante é o governo não esperar que medidas tópicas voltarão a animar os investidores, mas persistir neste rumo.
19 de junho de 2014
Editorial O Globo
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