O ex-presidente Lula, declara, em seu artigo de 15/05, em língua portuguesa, publicado no site do jornal espanhol "El País", que a Copa do Mundo virou "objeto de feroz luta política eleitoral", adiantando que os protestos que espocam diariamente pelas cidades do país são orientados por setores que desejam o fracasso do espetáculo e a colheita de benefícios ligados aos votos da luta eleitoral que se aproxima.
Esqueceu de mencionar, no entanto, que a maior parte das manifestações contra a Copa, pelo menos em São Paulo, estado onde foram mais volumosas, foram protagonizadas por integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) e pelos metalúrgicos, grupos com forte vinculação ao PT e que, teoricamente, teriam, é óbvio, motivações com algum conteúdo político mas sem pleitos eleitorais definidos.
Conclui-se então que se trata de mais um dos sofismas malandramente articulados por quem se tornou exímio mestre na arte da tergiversação.
Lula afirma também no artigo que, ao estimular, em 2007, a realização do torneio mundial em 2014 no Brasil, não foi movido por razões econômicas ou políticas e sim pelo que o futebol representa para o povo brasileiro.
Argumentação frágil, pois à época da escolha da sede, sentia-se ele fragilizado pelo julgamento do Mensalão, e precisava não só criar um fato diversionista como também recuperar-se das suspeitas de que o esquema de corrupção política se desenvolvia em espaço contíguo ao seu gabinete, com seu muito provável conhecimento.
É óbvio então que, se ocorreram motivações políticas, desde aquela ocasião aos dias de hoje, grande parcela foi empregada por ele e não por possíveis adversários desejando obter dividendos eleitorais.
Sem querer admitir que os recursos superfaturados pertencentes ao povo brasileiro, gastos na deficiente preparação, estão fazendo falta para a prestação de serviços públicos básicos à população como saúde, segurança e educação , o ex-presidente afirma que o futebol é paixão nacional, fato sobejamente conhecido por qualquer cidadão desde sempre, o que não impediu, no entanto, que a honraria de sediar a copa fosse recusada por governo bem anterior ao seu, sensível, no entanto, às necessidades básicas do país.
Como se vê, o nosso ex-presidente, caso não redigisse uma só frase, seria um escritor clássico.
17 de maio de 2014
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra, reformado.
Paulo Roberto Gotaç é Capitão-de-Mar-e-Guerra, reformado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário