"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

PATRULHAMENTO PARTIDÁRIO

 

 
Isso já aconteceu nas eleições anteriores, mas neste ano, especificamente, será pior e exigirá muita paciência e sobriedade para lidar com opiniões de radicais e visões interesseiras de um ou outro grupo em busca de manter ou ganhar o poder. As “ciberguerrilhas” que irão imperar no cenário eleitoral são uma ameaça à interpretação correta dos acontecimentos e da definição daquilo que deve ou não ganhar páginas de jornais, frontpages ou espaços na TV e no rádio.
 
Discussões em redes sociais não podem se misturar às notícias assinadas, que levam o carimbo de um órgão de imprensa que, ao longo de anos, trabalha sua marca e cria em torno de si um universo de leitores que decidem, por conta própria, eleger o veículo como preferido na hora de se manter informado.

Nessa semana, o caso de um estudante que interpelou o senador Aécio Neves em uma palestra que este fazia em Porto Alegre tomou proporção demasiada.

Diz o estudante que queria apenas uma resposta do candidato a presidente pelo PSDB sobre a droga encontrada no helicóptero do também senador mineiro Zezé Perrella. Decerto, o assunto não tinha a ver com o tema da palestra, e o ex-governador mineiro não seria autoridade credenciada para responder à questão.

Já Aécio, por meio de sua assessoria, contestou a informação. Segundo o senador, tratava-se de um militante petista infiltrado no evento para impedir que ele pudesse falar, o que teria motivado sua retirada da plateia por seguranças.

DESTAQUE EXAGERADO

Seja qual for a verdade em questão, e não existem verdades absolutas, o fato não mereceu o destaque que a mídia, inclusive este jornal (O Tempo), proporcionou. Primeiro, porque a apuração não aconteceu de maneira completa e irretocável, abrindo margem para ponderações apaixonadas de petistas e tucanos. Segundo, porque, se isso se torna moda, candidatos, sejam eles de que agremiação forem, não terão condições de programar visitas e encontros com setores da sociedade e eleitores, pois, por meio de estratégias previamente definidas, sempre haverá um adversário disposto a criar confusões.

A matéria em questão entrou no portal, ficou no ar pelo tempo que o jornal achou que deveria e foi retirada. Foi o bastante para que “ciberguerrilheiros” entrassem em ação. Os do PSDB dispararam e-mails acusando o jornal de ser “petista” e querer prejudicar uma “pré-campanha” que começa a esboçar uma competitividade que até então não se imaginava. Já os do PT, inclusive do Rio Grande do Sul, atacaram a retirada do conteúdo alegando um alinhamento deste jornal com o projeto de Aécio.

Por fim, coube ao jornal definir o que julgava correto editorialmente, com base em seu histórico de isenção. A matéria foi publicada e retirada, como tantas outras no dia a dia de um portal de notícias. Ao patrulhamento partidário, saudações!

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