"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

MAIS UMA VOZ QUE SE CALA

Artigos - Cultura
A mediocridade em nossa pátria atingiu tamanha valoração que as mais abjetas manifestações culturais são elevadas a categoria de sentença categórica de pensadora.

Grandes nações são forjadas por grandes homens. Aliás, não se tem como fundar a magnificência em colunas de mesquinhez. Infelizmente, quando volvemos nossas vistas para o presente, a grandeza de espírito vê-se não apenas minguada em nossas terras, mas também, e principalmente, vexada quando ousa manifestar-se. Em nossos tristes trópicos essa é a regra.


Pior! Quando reconhecemos uma alma valorosa e pensamos que essa irá imprimir destemidamente seu nome nos umbrais da história, erramos. Ficamos vagando pelo ermo, desenganados. Não estou a referir-me aqui a uma decepção. Não mesmo. A grandeza não falta ao senhor ao qual me refiro sem nominar. Ele a tem de sobra. Refiro-me sim ao silêncio auto-impingido por um grande intelectual que preferiu abraçar o anonimato junto a sua família ao invés de travar pelejas com seu tinteiro e pena na arena pública.

Não o censuro por tal escolha. Afinal, quem sou eu para tanto? Reconheço o quão pequeno é meu quinhão. Aliás, tanto respeito seu silêncio, que não cito o nome deste que tenho na grata conta dum bom amigo. Apenas lamento. Lamento o silêncio deixado pelo emudecimento voluntário de sua voz.

Certa feita, George Washington disse, a respeito de George Manson, mentor de Thomas Jefferson, que ele foi o melhor da sua geração. Desse amigo, posso dizer o mesmo. Ele, provavelmente, é o melhor de nossa geração, mas que, ao contrário de Manson, preferiu o anonimato.

Bem, é isso que a sociedade brasileira faz com aqueles que demonstram elevada capacidade. Somos uma sociedade que se recusa a elevar os olhos acima de nossos umbigos e, por isso, imaginamos que a grandeza de espírito não existe para nos inspirar e nos elevar com ela, mas sim, que ela teria sido concebida com o intento maldoso de nos dominar e humilhar.

Ora, somente os medíocres sentem-se aviltados com a magnificência e, infelizmente, a mediocridade em nossa pátria atingiu tamanha valoração que as mais abjetas manifestações culturais são elevadas a categoria de sentença categórica de pensadora, onde as mais grotescas manifestações de bestialidade ganham o status de digna expressão de cidadania e os comentadores jornalísticos que ousam destoar da unanimidade rodriguesiana são silenciados de maneira covarde. Neste cenário, como posso convencer meu amigo a sair de seu ostracismo voluntário?

Enfim, como havia dito, lamento o silêncio acadêmico, literário e político desse bom homem sem nome que, sem sobra de dúvidas, é o melhor de nossa geração. Uma voz calada que se resolver levantar-se contra a estupidez reinante fará estremecer todas as almas sebosas. Porém, esse brado, ao que tudo indica, não irá ecoar em prado algum, infelizmente.

17 de abril de 2014
Dartagnan da Silva Zanela

Nenhum comentário:

Postar um comentário