1. A Polícia não dá conta de toda criminalidade? Chamem o Exército!
2. Choveu muito e há pessoas desabrigadas? Chamem o Exército!
3. Traficantes estão entrando pelas fronteiras? Chamem o Exército!
4. Não há segurança para Copa do Mundo? Chamem o Exército!
5. O Papa vem nos visitar? Chamem o Exército!
6. Vai haver confusão no dia das Eleições? Chamem o Exército!
7. Precisamos ajudar o Haiti e a Indonésia? Chamem o Exército!
8. Tem criança na Amazônia que não foi vacinada? Chamem o Exército!
9. Ninguém mais encontra o avião que caiu na Amazônia? Chamem o Exército!
10. Minha mulher está me colocando guampas e as crianças não param de chorar? Chamem o Exército!
“Apenas não se esqueçam, seu bando de imbecis, que o Exército não é um cachorro que pode ser chamado quando queremos e que ninguém lembrou dele quando foram colocados no poder os traficantes, mensaleiros e assassinos de prefeitos que agora nos estão transformando na Venezuela e, em breve, em Cuba!”
O Exército com fome
A proximidade da data que comemora os 50 anos da Intervenção Militar de 1964 e nova edição da Marcha da Família seguem aquecendo, pelo menos nas redes sociais, o debate sobre o eventual papel das Forças Armadas (FFAA) na manutenção da democracia no país. Quando escrevi “O Exército Fantasma” deixei clara minha opinião a respeito do erro que se faz ao colocar a pergunta em termos de “vontade” de tomar o poder no país. Procurei mostrar que não há, para as FFAA, outra alternativa que não seja fazer isso ou desaparecer. Nesse artigo, quando eu escrever “Exército”, peço que os leitores considerem o conjunto das três forças: Marinha, Exército e Aeronáutica.
O que me leva novamente a abordar o tema é o fato de que, em alguns debates nas redes sociais, tenha sido levantada a hipótese de transformação do Exército Brasileiro (EB) num exército revolucionário. Mencionou-se a estratégia gramsciana e o “aparelhamento” dessa força como mecanismos capazes de transformar o EB num exército como o chinês ou o cubano.
Sobre isso afirmo o seguinte: é possível subornar, corromper ou até mesmo comprar o EB...é possível sufocá-lo deixando-o sem mantimentos e munição e até – como eu já deixei claro no artigo anterior que vai acontecer – extingui-lo, mas não é possível fazer dele um Exército Revolucionário.
Toda história recente dos grandes exércitos comunistas (soviético, chinês, cubano e norte-coreano) mostra uma gênese, uma formação completamente diferente. Todas essas forças que menciono entre parênteses nasceram “dentro da revolução”; não depois dela. Para entender isso que escrevi e compreender a diferença com o Brasil, necessário é aceitar que aqui a revolução já aconteceu. O PT já está no poder e não conta, ele mesmo, com o EB como garantia de seu projeto de poder.
Toda representação armada, todo “acoplamento” existente entre poder político e militar que existe no Brasil hoje se dá exclusivamente entre o PT, os militantes de uma guerrilha camponesa disfarçada de movimento social (MST) e uma massa carcerária de meio milhão de condenados e usuários de drogas que estão dentro dos presídios brasileiros.
Tomando como exemplo aquilo que aconteceu na China, lembro que o Exército de Libertação nasceu do que foi o 8ºExército Revolucionário – força militar que atravessou o país na Grande Marcha combatendo não só os japoneses como os nacionalistas de Chiang Kai-shek.
Recordando a Revolução Cubana, eu peço a vocês que considerem a Tomada do Quartel de Moncada como evento que, depois, deu origem ao grupo que formaria a Guerrilha de Sierra Maestra e mais tarde o Exército de Fidel Castro. Nada disso é passível de acontecer no Brasil e o PT sabe perfeitamente do que estou falando.
É por isso que o plano desse partido não é converter o EB ao comunismo; mas destruí-lo...sufocá-lo aos poucos em termos de verbas enquanto aumenta cada vez mais no país o poder da Força de Segurança Nacional.
Para terminar, e no que toca a Marcha do próximo sábado, 22 de março, afirmo que o EB não estará junto com os manifestantes, que pouco ou praticamente nada disso que escrevi aqui faz sentido ao Exército e não fará até que ele sinta na própria pele a verdade sobre o que estou escrevendo..até que ,além da munição,faltem médicos nos quartéis..até que comecem a fechar, um depois do outro os Colégios Militares...até que o Exército se torne, irreversivelmente, um Exército com Fome.
20 de março de 2014
Milton Simon Pires é Médico.
Milton Simon Pires é Médico.
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