O Supremo “Arakiri” de Lula
Todo mundo conhece a famosa modalidade japonesa de suicídio: o Harakiri. A arte de se suicidar também é conhecida por Seppuku. Trata-se da morte por esventramento. Quem se mata assim, geralmente, é um Samurai. Os guerreiros praticam tal gesto extremo em nome da honra. Só quem admite que perde a honra comete o fatal autocorte estomacal.
Aqui no Brasil – onde nossos samurais preferem se comportar como gueixas que fingem ser bem comportadas -, temos uma modalidade política de suicídio. Trata-se do Arakiri (com A, de Animal ou de Otoridade, você deçidi...). Consiste no uso venenoso da própria língua, para se cometer suicídio com as próprias palavras, em geral mentirosas, injuriosas e caluniosas. O Arakiri tupiniquim lembra, de longe, o japonês. Só porque é cometido depois de um longo e tortuoso raciocínio com o intestino.
Neste sábado, o “Grande Guerreiro do Povo Brasileiro” cometeu seu arakiri. Luiz Inácio Lula da Silva cometeu um fatal desrespeito à instituição “Supremo Tribunal Federal”. Um ex-Presidente da República (cargo que deveria merecer respeito, se seus ocupantes assim fizessem por merecer) jamais poderia usar o espaço político para criticar ministros da corte suprema, por mais errados que eles estejam. Lula cometeu o hediondo crime de fomentar a divisão entre os poderes republicanos, que devem ser livres e independentes.
Lula praticou um supremo arakiri ao “ensinar”, com arrogância, como deve trabalhar um ministro da instância máxima da Justiça brasileira. O grande guerreiro do povo brasileiro (como prega a propaganda do partido-seita petista) perdeu a linha, ao mandar seus desafetos no STF “mostrarem a cara”: “O grande papel de um ministro de uma suprema corte é falar nos autos do processo. Se quer fazer política, entre para um partido. Mostre a cara”.
Não precisa ser um gênio da interpretação política para saber que o covarde ataque de Lula, sem indicar seu alvo com precisão, foi uma crítica direta ao ministro Gilmar Mendes – que não foi indicado para o empregão vitalício de semideus supremo por ele, mas pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Lula não se conforma com o julgamento do Mensalão (que ele, em sua mitomania, jura não ter existido, apesar de todas as provas mostrarem o contrário) O Mensalão é um crime que continua sendo praticado em todas as esferas da falsa república capimunista tupiniquim.
A petralhada elegeu Gilmar Mendes para Judas. Provavelmente, na avaliação da cúpula petista, ele tem fragilidades. O probleminha é que a maioria dos ministros do STF – mesmo sem se manifestar – não está gostando da brincadeirinha petralha. Eles interpretam um evidente ataque do PT à instituição Supremo Tribunal Federal – que o órgão máximo para zelar pela constituição insistentemente violentada pela corrupta e impune politicagem que infesta e aparelha a máquina estatal brasileira.
Até Ricardo Lewandowski – que os petistas consideram “aliado” – reprova a guerra do partido contra o STF. Nos bastidores togados, Lewandowski teria dito cobras e lagartos de João Paulo Cunha, por causa do livrinho produzido, no Congresso, para condenar o julgamento do mensalão e atacar a instituição STF. A petralhada precisa tomar cuidado, já que, no Olimpo do Supremo, todos se consideram deuses que pairam acima do resto do mundo profano.... O autoritarismo dos petistas feriu o corporativismo do Supremo, e troco virá, mais cedo, ou mais tarde...
Será que a petralhada nada aprende com o caso Joaquim Barbosa? O ministro indicado por Lula para simbolizar o primeiro negro no STF, e que teve sua posse homologada, ironicamente, por uma assinatura de José Dirceu de Oliveira e Silva, seria um aliado natural do PT e suas causas. Barbosa até votou pela homologação da Reserva Indígena Raposa do Sol (um absurdo ato contra a soberania do Brasil, já que permite a criação de nações étnicas dentro do território brasileiro). Barbosa tem este pecado mortal no currículo...
Mas, quando Barbosa virou relator da Ação Penal 470, os petistas cometeram um erro tático primário. Acharam que poderiam manobrá-lo, pela via da pressão pessoal espúria, para aliviar a barra dos réus. Os malvados do Palhaço do Planalto tentaram desmoralizar Barbosa, plantando, com a ajuda da reportagem do Estadão, aquela foto em que o ministro aparecia, no Bar Municipal de Brasília, tomando uns goros em plena licença médica causada por uma lesão na coluna. O incidente marcou o rompimento de Barbosa com o PT, criando a lenda “o Super Barbosa contra os mensaleiros da maldade”...
Agora, a verborragia de Lula atinge a máxima gravidade institucional. Que moral ele tem para ensinar um ministro do STF a trabalhar? Lula aproveitou o ambiente demagógico do lançamento da campanha ao governo de São Paulo de seu “poste” Alexandre Padilha para atacar: “O grande papel de um ministro de uma suprema corte é falar nos autos do processo. Se quer fazer política, entre para um partido. Mostre a cara”.
Claramente, Lula ficou PT da vida com as declarações do ministro Gilmar Mendes – que teve a coragem de colocar em dúvida a procedência de recursos para as “doações” que ajudariam condenados no mensalão a pagar suas multas impostas pela Vara de Execuções Penais. Gilmar recomendou ao Ministério Público Federal que investigue a origem das doações aos condenados José Genoíno e Delúblio Soares. O Presidente do PT, Rui Falcão, deu o troco, entrando com uma representação contra Gilmar Mendes. Parece coisa de maluco ou idiota. Mas o PT declarou guerra ao STF.
No lançamento do “Ônibus do Padilha”, Lula ainda teve a cara de pau de defender o PT, com argumentos absolutamente mentirosos e em conflito com a realidade: “Se companheiros nosso errarem e tiverem prova, tem que pagar. Mas a verdade é que foi o nosso partido que não deixou sujeira debaixo do tapete”.
Lula preferiu não se lembrar do tapete do escritório da Presidência da República em São Paulo. Ou ele acredita piamente que uma eficiente operação abafa, provavelmente comandada por lixeiros de alta estirpe, conseguiu limpar dos arquivos do Ministério Público Federal tudo que se produziu na Operação Porto Seguro, da Polícia Federal.
Por que Lula nada fala sobre as acusações contra sua melhor amiga e ex-secretária Rosemary Nóvoa Noronha? O Rosegate é um dos icebergs que causará o afundamento do PTitanic. Será que Lula e seus companheiros resolveram promover um ataque preventivo ao STF temendo que o caso Rose resolva entrar na pauta do Judiciário, para um julgamento suicida em pleno ano reeleitoral? E o risco de extradição do Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, que tem toda a memória de corrupção cometida pelo Bando do Brasil?
O guerreiro do povo brasileiro claramente raciocina com o intestino. E só fala escatologia na guerra eleitoreira antecipada e irregular. Lula acredita na reeleição da Dilma, E já fala até em sucedê-la, em 2018, se o povo assim o desejar. Isto sim é planejamento ousado de longo prazo. Mas para chegar lá é preciso atacar no curtíssimo prazo. Se o STF resolver reagir aos ataques de Lula, o pirão institucional pode desandar. Se não reagir, o Supremo vai parecer um bote salva vidas furado do PTitanic.
O companheiro $talinácio (como apelidou a turma do Casseta & Planeta) devia tomar um chazinho de Picão para dar uma aliviada no fígado e limpar melhor o intestino. O triste é que, enquanto ele comete arakiri, os cidadãos de bem é que precisam ter muito estômago para suportar a arrogância praticada pelo eterno sindicalista de resultados – que no passado foi informante do aparelho de Inteligência da dita-dura tão criticada pelos companheiros petistas...
Lula não tem moral para assassinar a reputação de ninguém, já que a dela já está ferida mortalmente pelo filho do velho e falecido amigo Romeu Tuma... Lula pode até se achar um Deus do Olimpo, mas não tem força suficiente para enfrentar os deuses do Supremo. Por isso e por muitos erros mais, seu barquinho vai afundar...
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.
09 de fevereiro de 2014
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor.
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